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May já tem apoio de 158 deputados conservadores para sobreviver à moção de censura
A líder dos "tories" já recebeu publicamente o apoio de pelo menos 158 deputados conservadores, número suficiente para que a primeira-ministra consiga sobreviver à moção de não confiança apresentada no seio do grupo parlamentar do Partido Conservador.
Depois de 48 (equivalente a 15% da bancada parlamentar conservadora, o limiar mínimo necessário à aprovação de uma moção de censura) dos 315 deputados "tories" terem iniciado uma revolta no seio do partido, pedindo a demissão de Theresa May, a primeira-ministra garantiu agora o mínimo necessário para superar essa votação de não confiança (apoio mínimo de 158 deputados, ou seja a maioria simples do grupo parlamentar).
O próprio Michael Gove - ministro do Ambiente que é apontado como possível candidato à sucessão da actual líder - já afirmou que Theresa May deverá vencer o voto de confiança promovido pelos deputados que se rebelaram em oposição aos termos do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia. "Estou absolutamente seguro de que a primeira-ministra vai vencer", disse Gove.
A votação vai decorrer ao final da tarde desta quarta-feira, 12 de Dezembro, entre as 18:00 e as 20:00 locais (mesma hora em Lisboa), sendo que o líder da bancada "torie" (Comité 1922), Graham Brady, irá anunciar o resultado a partir das 21:00.
O apoio destes 158 parlamentares foi concedido através de declarações públicas a meios de comunicação social. No entanto, o voto é secreto na moção de censura, pelo que pode dar-se o caso de deputados que anunciaram estar do lado de May acabarem por votar contra ela.
Em declarações à imprensa e televisões britânicas, analistas políticos realçam que tal cenário é possível na medida em que poderá haver deputados conservadores que, apesar de quererem derrubar Theresa May, não o queiram revelar publicamente para não serem conotados negativamente como traidores.
Seja como for, se May vencer a votação desta quarta-feira, fica a salvo de ser alvo de nova moção de censura nos próximos 12 meses.
Face à garantida reprovação do acordo para o Brexit que ia ser votado na Câmara dos Comuns esta terça-feira (além da oposição de trabalhistas, liberais-democratas, unionistas irlandeses, nacionalistas escoceses, cerca de uma centena de deputados conservadores iam votar contra), May cancelou e adiou a votação para tentar receber "garantias adicionais" dos líderes europeus na questão mais sensível de todo o processo - o "backstop" na fronteira irlandesa que, a ser accionado, implicaria que o Reino Unido continuasse indefinidamente alinhado com as regras da união aduaneira.
May pode sobreviver mas será Brexit a definir futuro político
Mesmo que Theresa May vença e permaneça como líder dos "tories", o seu futuro continuará intimamente ligado ao desfecho do processo relacionado com o Brexit, dependendo em primeiro lugar da capacidade da primeira-ministra para recolher os apoios necessários à aprovação do acordo em cima da mesa. Os unionistas irlandeses (DUP), de cujo apoio no parlamento o governo de May depende, já avisaram que se May insistir no acordo forjado com a UE votam contra, o que tornaria mais do que provável a respectiva reprovação.
A acontecer tal hipótese, tudo indica que a revolta interna dos conservadores "hard brexiters" - que defendem uma ruptura mais acentuada dos laços que ligam Londres e Bruxelas - iria agravar-se, havendo analistas a contemplar como possibilidade, ainda que remota, deputados "tories" votarem contra o seu próprio partido no caso de ser apresentada, no parlamento, uma moção de censura ao governo chefiado por May.
(Notícia actualizada às 14:15)