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May formaliza esta quarta-feira pedido de "curto adiamento" do Brexit

O Financial Times avança esta manhã que a primeira-ministra britânica vai concretizar ainda esta quarta-feira o pedido de extensão do artigo 50.º do Tratado de Lisboa. Theresa May deverá solicitar "curto adiamento" do Brexit de até três meses.

20 de Março de 2019 às 08:07
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Mesmo sem ter garantido sequer a possibilidade de levar a nova votação no parlamento o acordo de saída negociado com Bruxelas, e já chumbado em duas ocasiões, Theresa May vai formalizar ainda esta quarta-feira, 20 de março, o pedido de adiamento do Brexit, noticia o Financial Times. 

Ainda de acordo com o FT, a primeira-ministra britânica vai requerer um "curto adiamento" de até três meses da saída da União Europeia que continua prevista para as 23:00 do próximo dia 29 de março.

Há uma semana, a também líder conservadora garantiu que só pediria um curto adiamento de caráter técnico se até esta quarta-feira fosse aprovado o tratado jurídico que define os termos do divórcio.

Contudo, o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, inviabilizou a terceira votação do mesmo acordo, só aceitando que fosse votado após ser alvo "alterações substanciais", e vários elementos da ala "torie" pró-Brexit ameaçaram demitir-se se May solicitasse um longo adiamento que mantivesse o Reino Unido indefinidamente na UE e obrigasse à participação nas eleições para o Parlamento Europeu. Esta conjugação de fatores terá levado a primeira-ministra a optar por pedir uma curta extensão da aplicação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa.  

A confirmar-se um adiamento máximo de três meses, o Reino Unido não terá de participar nas eleições europeias agendadas para o final de maio, porém agrava um cenário de saída sem acordo, isto porque o intervalo temporado solicitado poderá não ser suficiente para levar as negociações com os líderes europeus a bom porto. 

UE deixa vários avisos a Londres

Esta quarta-feira em que passam mil dias desde o referendo que em 2016 deu a vitória à saída britânica da UE é também a véspera do encontro do Conselho Europeu que decorre quinta e sexta-feira. Com Bruxelas a mostrar preferência por um longo adiamento que permitisse ganhar o tempo necessário à negociação de um acordo de saída capaz de obter apoio maiortiário no parlamento britânico, a opção de May avançada pelo FT poderá implicar um encontro tenso entre a primeira-ministra e os líderes dos restantes 27 Estados-membros. 

Esta manhã, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker defendeu que a UE já fez muito para acomodar as exigências britânicas e avisou que o bloco europeu não poderá ir mais longe de forma a corresponder às pretensões de Londres.

"Não haverá nenhuma renegociação, nova negociação nem garantias adicionais àquelas já dadas", assegurou Juncker em declarações à rádio alemã Deutschlandfunk citadas pela Reuters. O líder do órgão executivo da União revelou ainda que não chegou nenhuma carta a Bruxelas a pedir o adiamento.

O responsável pela negociação do Brexit do lado europeu, Michel Barnier, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, mostraram nos últimos dias preferência por um longo adiamento do Brexit. Barnier admitiu mesmo que tal possibilidade poderia abrir a porta à realização de um novo referendo à permanência no bloco europeu, hipótese esta que é também admitida pelo Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn. 

No entanto, tanto Barnier como Tusk já alertaram que o Reino Unido terá de justificar para que servirá o adiamento do Brexit pretendido pelo Reino Unido, o que significa que a aprovação por unanimidade dessa extensão por parte dos 27 não é um dado adquirido. 

Bruxelas avisou também entretanto que se no dia 1 de junho o Reino Unido não tiver elegido deputados para a nova legislatura do Parlamento Europeu, então a Grã-Bretanha será automaticamente expulsa da UE. Tendo em conta a crescente incerteza em torno do Brexit, Juncker já admitiu que poderá ser necessário realizar uma cimeira europeia de emergência já na próxima semana para tentar encontrar uma solução que evite o caos inerente a uma saída desordenada da União.

(Notícia atualizada às 8:45)
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