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Juncker propõe duplicar plano europeu de investimentos
Falando sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, o presidente da Comissão Europeia defendeu ainda uma interpretação inteligente das regras orçamentais mas não sugeriu alterações. Disse ainda que o BCE fez poupar 50 mil milhões de euros aos governos do euro.
O presidente da Comissão Europeia defendeu a duplicação do plano europeu de investimentos, argumentando ser necessário fazer mais para relançar o crescimento económico e o emprego nos países da União Europeia. "Propomos duplicar a duração do fundo e a sua capacidade", com o objectivo de alcançar 630 mil milhões de euros de investimento em 2020. "Mas sem a contribuição dos Estados-membros não poderemos chegar lá", assinalou. O chamado "Plano Juncker" assenta actualmente num fundo de 21 mil milhões de euros que se acredita ter a capacidade de alavancar mais de 300 mil milhões de euros de investimentos.
Falando sobre o Estado da União, perante o Parlamento Europeu, Jean-Claude Juncker afirmou que as baixas taxas de juro do BCE permitiram aos governos europeus poupar 50 mil milhões de euros em juros, valor que disse poder e dever ser posto ao serviço da economia. "Mario Draghi está a preservar a estabilidade da nossa moeda e está a dar uma contribuição mais relevante para o emprego e para o crescimento do que muitos dos nossos Estados-membros", afirmou, sem concretizar.
Quanto ao Brexit, repetiu que o projecto europeu não está em perigo com a decisão do Reino Unido. "Respeitamos a decisão britânica, que lamentamos, mas esta não ameaça a existência da UE", disse.
Juncker insistiu ainda que as regras orçamentais devem ser interpretadas de forma "inteligente" para "não travar ou impedir o crescimento", mas ao contrário do que chegou a ser noticiado não propôs mais alterações ao Pacto de Estabilidade, designadamente a retirada de algumas rubricas de despesa do défice orçamental que conta para Bruxelas apurar a violação (ou não) do limite de 3% do PIB.
Exército europeu é preciso
No rescaldo da vaga de atentados que tem assolado países europeus, parte essencial do seu discurso centrou-se na segurança e na defesa, tendo Juncker defendido o reforço da Europol e da agência Frontex no controlo das fronteiras externas comuns e anunciado que, até Novembro, proporá um sistema de autorização prévia de viagem para quem quer visitar a União Europeia (UE) e não necessita de visto, na linha da autorização ESTA que é exigida pelos Estados Unidos. "A tolerância não pode comprometer a nossa segurança. Precisamos conhecer as pessoas que nos querem visitar antes delas chegarem", argumentou.
No plano da defesa, Juncker não se referiu explicitamente, como fez no passado, à ideia de criar um exército europeu, mas só faltou referir o nome. Propôs uma integração de meios e capacidades militares dos Estados-membros, paralela e autónoma da NATO, numa estrutura "permanente europeia" com sede própria em Bruxelas, argumentando que esta é a forma de a Europa trabalhar de forma mais eficiente e até barata.
"Temos de ter uma Europa que se protege e que se defende, no seu interior e exterior", disse, acrescentando que "mais defesa europeia não quer dizer menos cooperação transatlântica" e que "a falta de cooperação [entre os países europeus] está a custar à Europa 20 a 100 mil milhões de euros por ano". Juncker reiterou ainda duas propostas: a da criação de um fundo europeu de defesa para financiar a investigação e o desenvolvimento de equipamento nesta área, e a de converter a alta representante para a Política Externa numa "verdadeira ministra dos Negócios Estrangeiros da UE", sugerindo que Frederica Mogherini passe a representar a Europa nas conversações de paz na Síria. Sobre o acolhimentos dos refugiados, disse que "começamos a ver solidariedade", mas que "ainda há muito trabalho a fazer"
"Leite não pode ser mais barato do que a água"
Falando sobre a crise que afecta o sector leiteiro, um dos mais afectados pelo embargo russo, o presidente da Comissão Europeia disse que "não aceito que o leite seja vendido a um preço mais baixo do que a água", lembrando os montantes mobilizados para os agricultores. Escreve a Lusa que Portugal vai receber um montante que atinge quase os quatro milhões de euros. Esta verba faz parte da primeira tranche de apoios de Bruxelas, no valor global de 350 milhões de euros, que será repartida pelos 28 Estados-membros. Uma segunda tranche, no valor de 150 milhões, será utilizada para premiar os produtores que aceitarem reduzir a produção.
(Notícia actualizada às 10h00)