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Bruxelas quer empresas europeias a investir em África para travar imigração

Além do alargamento do “Plano Juncker”, o presidente da Comissão Europeia anunciou uma nova iniciativa para estimular o investimento europeu em África. Entre os objectivos está estancar os fluxos migratórios.

15 de Setembro de 2016 às 13:22
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Chama-se "Plano de Investimento Externo Europeu (PEI) e pretende apoiar o investimento privado, com destaque para a construção de infraestruturas sociais e económicas e iniciativas de pequenas e médias empresas (PME). O objectivo é garantir 44 mil milhões de euros em investimentos, alavancados em 3,35 mil milhões de euros provenientes do orçamento da União Europeia e do Fundo Europeu de Desenvolvimento. Geograficamente, irá concentrar-se em África e em países vizinhos da UE.

 

"Quando olhamos para o Médio Oriente e a África, vemos regiões com um enorme potencial que não pode ser aproveitado devido à guerra, à pobreza, à falta de infra-estruturas e à fraca governação. As empresas europeias já criam emprego e crescimento nos países vizinhos e em África, em benefício dos nossos parceiros e dos cidadãos europeus", afirmou ontem a Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini. O novo PEI "cria as condições para que os europeus possam expandir as suas actividades e entrar em novos países e, simultaneamente, apoiará as economias e as sociedades dos nossos parceiros, bem como os nossos objectivos estratégicos de política externa, da segurança ao desenvolvimento mundial."

 

Empresas de países com ligações mais estreitas com África poderão beneficiar mais deste programa. Entre eles, estará Portugal, que tem uma relação económica próxima com as ex-colónias naquele continente, principalmente com Angola.

 

Para a Comissão, investir em África pode ser uma forma de as empresas europeias ganharem dinheiro, mas também de estancar as vagas de migrações no longo prazo, tentando criar mais empregos e contribuir para a redução da pobreza localmente. "Lucrar com esses países se calhar já se faz, nós queremos lucrar nesses países", explicou esta quinta-feira um responsável da Comissão, numa sessão de esclarecimento em Bruxelas. "Estamos a tentar controlar a frente da imigração", acrescenta, embora sublinhe que "não é um fundo de imigração".

 

"Num momento de necessidades crescentes e recursos cada vez mais escassos, a UE tem de encontrar novas formas de optimizar o financiamento público. Foi isso que hoje novamente fizemos, utilizando a capacidade do orçamento da UE para promover investimentos que irão criar mais postos de trabalho na Europa e combater as causas profundas da migração no exterior", já tinha explicado ontem a vice-presidente Kristalina Georgieva, responsável pelo Orçamento e pelos Recursos Humanos.

 

O PEI terá assim três pilares: mobilizar o investimento, com instrumentos já existentes e uma nova garantia; maior assistência técnica aos Estados-membros e às empresas; e um ambiente empresarial mais saudável, incentivando melhor governação, menos corrupção e aquilo a que chama "distorções de mercado".

Jean-Claude Juncker (na foto) anunciou ontem a duplicação do plano europeu de investimentos, argumentando ser necessário fazer mais para relançar o crescimento económico e o emprego nos países da União Europeia. O objectivo é atingir 630 mil milhões de euros em investimento até 2020.

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