Notícia
Ucrânia e Rússia trocam acusações sobre destruição de barragem. Kiev fala em "crime de guerra"
A barragem de Kakhovka foi destruída. A infraestrutura era responsável por refrigerar a central nuclear de Zaporizhzhia. A Agência Internacional de Energia Atómica informou que, para já, não existe qualquer risco relativo à segurança nuclear da central. Milhares de pessoas terão de ser retiradas devido a inundações.
A barragem de Kakhovka, no rio Dnipro, foi destruída, tendo inundados várias áreas a sul da Ucrânia e comprometido o abastecimento de água de uma central nuclear.
Após a destruição, Kiev e o Kremlin trocaram acusações. A Ucrânia deixou claro que este ato terá "consequências catastróficas", já que vai afetar dezenas de milhares de pessoas e coloca em risco a tarefa de refrigeração dos reatores da central nuclear de Zaporizhzhia.
A Agência Internacional de Energia Atómica informou que para já "não existe qualquer risco relativo à segurança nuclear da central", mas assegura que está a acompanhar a situação.
The IAEA is aware of reports of damage at #Ukraine’s Kakhovka dam; IAEA experts at #Zaporizhzhya Nuclear Power Plant are closely monitoring the situation; no immediate nuclear safety risk at plant.#ZNPP
— IAEA - International Atomic Energy Agency ?? (@iaeaorg) June 6, 2023
O governador de Kherson, onde está localizada a barragem acusou os russos – que dominam a região – de terem destruido a barragem e informou que já tinha ordenado a evacuação de várias aldeias na margem direita do rio.
Perante este cenário, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou uma reunião do Conselho de Segurança com caráter urgente e acusou os russos de terrorismo.
Russian terrorists. The destruction of the Kakhovka hydroelectric power plant dam only confirms for the whole world that they must be expelled from every corner of Ukrainian land. Not a single meter should be left to them, because they use every meter for terror. It’s only… pic.twitter.com/ErBog1gRhH
— ????????? ?????????? (@ZelenskyyUa) June 6, 2023
Já o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, defendeu que se trata de um crime de guerra: "A Rússia destruiu a barragem de Kakhovka, causando provavelmente o maior desastre tecnológico provocado pelo Homem das últimas décadas na Europa, pondo em perigo a vida de milhares de civis. Este é um crime de guerra terrível". Numa mensagem difundida pela rede social Twitter, acrescentou que "a única forma de parar a Rússia, 'o maior terrorista do século XXI', é expulsar (as forças russas) da Ucrânia".
Russia destroyed the Kakhovka dam inflicting probably Europe’s largest technological disaster in decades and putting thousands of civilians at risk. This is a heinous war crime. The only way to stop Russia, the greatest terrorist of the 21st century, is to kick it out of Ukraine.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) June 6, 2023
Também no Twitter, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, qualificou a destruição da barragem ucraniana como "um ato ultrajante", considerando que demonstra a brutalidade da guerra da Rússia na Ucrânia. "A destruição da barragem de Kakhovka coloca hoje em risco milhares de civis e causa graves danos ambientais", escreveu Stoltenberg.
The destruction of the Kakhovka dam today puts thousands of civilians at risk and causes severe environmental damage.
— Jens Stoltenberg (@jensstoltenberg) June 6, 2023
This is an outrageous act, which demonstrates once again the brutality of #Russia’s war in #Ukraine.
O presidente do Conselho Europeu mostrou-se "chocado" pelo "ataque sem precedentes" e escreveu no Twitter que "a destruição de uma infraestrutura civil qualifica-se claramente como um crime de guerra — e vamos responsabilizar a Rússia". Charles Michel disse ainda que a questão será abordada em junho no Conselho Europeu e que será proposto um pacote de ajuda para as áreas afetadas pela inundação.
Shocked by the unprecedented attack of the Nova Kakhovka dam.
— Charles Michel (@CharlesMichel) June 6, 2023
The destruction of civilian infrastructure clearly qualifies as a war crime - and we will hold Russia and its proxies accountable.
Entretanto, o Ministério do Interior ucraniano pediu aos residentes de 10 aldeias na margem direita do rio Dnipro e de partes da cidade de Kherson que reúnam os documentos essenciais e animais de estimação, desliguem os aparelhos elétricos e abandonem as casas.
Já as autoridades russas alertaram os residentes das zonas afetadas para o risco de inundações catastróficas. Numa mensagem do Ministério das Situações de Emergência da Rússia, a população é aconselhada a recolher os objetos pessoais necessários, documentos, alimentos para três dias e água potável.
O ministério pediu também à população para desligar o gás e a água, devendo dirigir-se para pontos de encontro comunicados pelas autoridades locais. "Existe uma ameaça de inundação catastrófica dos territórios do distrito urbano de Novo Kakhovka, do distrito municipal de Golopristansky e do distrito municipal de Alyoshkensky", segundo a mensagem citada pela agência oficial russa TASS.