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Barragem na Ucrânia: 40 povoações submersas e 16 mil deslocados. Zaporzizhya sem risco imediato

O Secretário-geral da ONU, António Guterres, fala em "monumental catástrofe humanitária, económica e ecológica”.

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07 de Junho de 2023 às 11:18
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As cheias provocadas pela destruição da barragem de Nova Kakhovka, na Ucrânia, terão deixado já 40 povoações submersas e provocado pelo menos 16 mil deslocados, de acordo com os dados avançados pelas forças ucranianas e citados pela ONU, num momento em que a subida das águas não terá atingido ainda o nível máximo nas cidades sob impacto.

 

Na central nuclear de Zaporizhzhya, que depende do abastecimento do reservatório da barragem para arrefecer reatores, não há para já riscos imediatos, mas o cenário de segurança tornou-se mais adverso, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

 

A ONU, que classifica a destruição da barragem como uma "monumental catástrofe humanitária, económica e ecológica", mostra-se entretanto particularmente preocupada com a deslocação de minas pelas águas em terrenos altamente contaminados.

 

O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários e coordenador da ajuda de emergência, Martin Griffiths, informou o Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta terça-feira da preocupação em particular de que as cheias desloquem minas nos territórios inundados, tornando inseguras áreas anteriormente seguras. Cerca de 30% do território ucraniano, indicou, está atualmente contaminado por minas, com esta região a ser uma das mais afetadas.

 

Segundo o responsável, aquele que é classificado como o mais grave a ataque a infraestruturas civis desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, terá provocado já 16 mil deslocados, com as autoridades ucranianas a  darem conta de 40 povoações submersas ou parcialmente submersas, num número que deverá ainda aumentar.

 

O responsável indicou ainda que as equipas humanitárias da ONU estão também a tentar ter acesso às áreas inundadas controladas pela Rússia, de acordo com um comunicado publicado.

 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recorde-se, considerou já que a destruição de barragem de Nova Kakhovka, na Ucrânia, é uma "monumental catástrofe humanitária, económica e ecológica", de acordo com a Lusa.

 

Em declarações na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres indicou que as Nações Unidas não têm acesso a informações independentes sobre as circunstâncias que levaram à destruição da barragem, mas afirmou que as consequências estão a ser sentidas em dezenas de cidades.

 

"Uma coisa é certa: esta é outra consequência devastadora da invasão russa da Ucrânia. Estamos a ver os efeitos na cidade de Kherson, na cidade de Nova Kakhovka e em 80 outras localidades ao longo do rio Dnipro", disse.

 

"Grandes inundações. Evacuações em grande escala. Devastação ambiental. Destruição de culturas recém-plantadas. E acrescentou ameaças à altamente ameaçada central nuclear de Zaporijia, a maior instalação nuclear da Europa", descreveu o líder da ONU.

 

A Agência Internacional de Energia Atómica voltou a indicar, na última noite, que não existem para já riscos imediatos para a central nuclear de Zaporizhzhya, apesar das fortes perdas de água no reservatório da barragem que garante o arrefecimento dos reatores da infraestrutura.

 

"Entre as 10h e as 20h da hora local (12h e 22h, em Portugal), o reservatório perdeu um total de 83 centímetros para um nível de 15,44 metros, de acordo com os dados recebidos regularmente pela equipa de peritos da AIEA na Central Nuclear de Zaporizhzhya", informou um comunicado da agência.

 

Segundo a AIEA, o abastecimento de reservas de água da central deixará de ser feito abaixo do nível de 12,7 metros, mas a infraestrutura conta atualmente com armazenamento suficiente para arrefecer durante vários meses os seis reatores existentes uma vez que estes se encontram desativados. Em alternativa, será também possível recorrer a abastecimento próximo, da cidade de Enerhodar.

 

O diretor-geral da agência, Rafale Mariano Grossi, indicou ainda que um cenário de falha da barragem foi testado em Zaporizhzhya pela autoridades ucranianas na sequência do incidente de Fukushima, em 2011. "Há prontidão para eventos como este", assegurou, embora reconhecendo que a situação de segurança das instalações se tornou mais difícil e imprevisível.

 

A barragem de Kakhovka, que Kiev e Moscovo se acusaram mutuamente de atacar, é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.

 

Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dnipro está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia.

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