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Turquia garante "progressos" nas negociações para desbloquear cereais dos portos ucranianos

A Turquia está a negociar com a Rússia, Ucrânia e ONU para que volte a ser possível exportar cereais a partir dos portos ucranianos. Ancara garante que estão ser feitos progressos.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, substituiu o governador do banco central turco.
Francois Lenoir/Reuters
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A Turquia está a negociar com a Rússia, Ucrânia e ONU para que volte a ser possível exportar cereais a partir dos portos ucranianos, revelou esta terça-feira o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, citado pela imprensa internacional.

 

"A Turquia está a negociar a saída dos cereais dos portos ucranianos. Já foram feitos progressos", adiantou o responsável.

O braço direito de Recep Tayyip Erdogan para a Defesa explicou ainda que "estamos a avançar com o planeamento para saber como vamos retirar as minas [do mar] e criar um corredor de passagem, assim como quem deverá ladear os navios".

 

Por fim, o governante garantiu que "estamos a esforçar-nos para concluir [este plano] o mais rápido possível".

 

Há uma semana, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já tinha avançado que estavam a ser feitos progressos nas negociações para que seja possível a exportação de cereais da Ucrânia, mas também de fertilizantes da Rússia.

 

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta segunda-feira que 20 a 25 milhões de toneladas de grãos estão atualmente bloqueadas na Ucrânia devido à guerra, um volume que pode triplicar até ao outono.

 

"Precisamos de corredores marítimos e estamos a discutir isso com a Turquia e com o Reino Unido", bem como com as Nações Unidas, disse o chefe de Estado.

 

Juntas, a Ucrânia e a Rússia produzem quase um terço do trigo e da cevada do mundo e metade do óleo de girassol, enquanto a Rússia e a sua aliada Bielorrússia são dos maiores produtores mundiais de potássio, um ingrediente-chave para os fertilizantes.

 

Contudo, a guerra iniciada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia levou a um aumento nos preços mundiais de cereais e óleos, cujos valores superaram os alcançados durante a primavera árabe de 2011 e os "motins da fome" de 2008.

"Talvez seja mais fácil não ouvir a verdade"

Esta notícia surge no mesmo dia em que o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, condenou no Twitter a destruição do segundo maior terminal de cereais na Ucrânia, em Mykolaiv. Até ao momento sabe-se que o ataque provocou 19 feridos e uma morte.

 

"Outro míssil russo contribui para a crise mundial de [escassez de comida]. As forças russas destruíram o segundo maior porto de cereais na Ucrânia", escreveu Borell.

 

O diplomata aproveitou o tweet para deixar severas críticas ao presidente russo, Vladimir Putin: "À luz destes relatos, a desinformação difundida por Putin a desviar culpas torna-se cada vez mais cínica".

 

Para além de Borrell também o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, culpou o Kremlin pela crise alimentar que se vive no mundo.

"Tudo isto está a elevar os preços dos alimentos, empurrando as pessoas para a pobreza e desestabilizando regiões inteiras. A Rússia é a única responsável por esta situação, apesar da sua campanha de mentiras e desinformação. Só a Rússia", acusou o presidente do Conselho Europeu durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU que decorreu esta terça-feira.

 

O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, não gostou das palavras do líder europeu e abandonou a sala, como forma de protesto. O líder europeu aproveitou então o momento  para inflamar o seu discurso e dirigiu-se ao diplomata, afirmando "talvez seja mais fácil não ouvir a verdade".

 

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