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Turquia aceita Finlândia e Suécia na NATO
Ancara tinha sido a única a levantar entraves à entrada dos dois países nórdicos, mas agora os 30 membros estão perto de dar um parecer positivo para o alargamento da NATO.
A Turquia retirou o veto que estava a impedir a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO. O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, esteve reunido com o presidente finlandês, Sauli Niinistö, a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, durante mais de três horas em Madrid e após essa reunião terá aceitado receber os dois países na aliança.
Uma das razões pelas quais o veto foi retirado foi o entendimento do governo turco de que ambos os países estão a reprimir grupos curdos que o governo de Ancara vê como terroristas, nomeadamente através do reforço da legislação contra o "terrorismo" e a extradição de diversos ativistas curdos que foram acolhidos nos dois países do norte da Europa.
Os dois Estados escandinavos têm manifestado desde há vários anos apoio às Unidades de Proteção Popular (YPG), a formação armada dos curdos sírios e principal componente das Forças Democráticas Sírias (HSD), que Ancara acusa de ligações diretas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado "organização terrorista" pela Turquia, União Europeia e EUA na sequência da rebelião armada curda no sudeste turco, iniciada em 1984.
A Suécia também possui uma importante comunidade curda e mantém tradicionais ligações políticas com esta corrente, mais intensas que a vizinha Finlândia. A Turquia censura Estocolmo por continuar a receber representantes da administração autónoma curda do nordeste da Síria e comandantes militares.
Ancara também pediu que os dois países escandinavos levantem o embargo às armas com destino à Turquia, imposto devido às incursões militares turcas na Síria para combater os militantes curdos e impedir a concretização da Rojava, o projeto de uma ampla região autónoma curda e eventual embrião de um futuro Estado.
Os três países já assinaram um memorando de entendimento durante a tarde desta terça-feira. O governo de Ancara tinha sido o única a levantar entraves à entrada dos dois países nórdicos, mas agora os 30 membros estão perto de dar um parecer positivo para o alargamento da NATO.
O próximo passo deverá ser uma reunião entre todos os membros, possivelmente até em Madrid onde a organização está reunida, para formalmente aceitar as candidaturas e iniciar as conversações sobre o processo de adesão. A possível entrada da Finlândia e Suécia marca uma mudança na política externa dos países ocidentais, após o início da invasão russa da Ucrânia.