Notícia
EUA investigam Credit Suisse no cumprimento de sanções à Rússia
Comissão de Supervisão e Reforma procura documentação relacionada com acordo para reduzir exposição a empréstimos concedidos a potenciais alvos de sanções.
Congressistas norte-americanos pediram ao Credit Suisse para submeter informação relacionada com o cumprimento das sanções impostas contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, noticia o Wall Street Journal.
Numa carta enviada, esta segunda-feira, ao CEO do banco, Thomas Gottstein, a presidente da Comissão de Supervisão e Reforma da Câmara dos Representantes, Carolyn B. Maloney, e o presidente do subcomité da Segurança Nacional, Stephen F. Lynch, pedem em concreto ao banco suíço que forneça informação sobre o financiamento de iates e de aeronaves detidos por indivíduos eventualmente sancionados.
Segundo o jornal norte-americano, os congressistas procuram obter essa informação na sequência de notícias de que o Credit Suisse instruiu os investidores num recente acordo de dívida a destruir e apagar dados relacionados com os acordos com clientes abastados.
Esse acordo, segundo avançado pelo Financial Times (FT) em fevereiro, reduziu parte da exposição de empréstimos no valor de 2 mil milhões de dólares que fez para que clientes ricos financiassem iates e jatos. De acordo com o FT, uma apresentação do acordo sinalizava que houve quatro inadimplências no período de 2017/18 por causa das sanções dos Estados Unidos contra oligarcas russos. Mais tarde, o jornal relatou que foi pedido aos investidores que destruissem documentos do acordo.
"Esta notícia levanta grandes preocupações sobre o cumprimento por parte do Credit Suisse das fortes sanções impostas pelos Estados Unidos e pelos seus aliados aos arquitetos e facilitadores da brutal e não provocada invasão russa da Ucrânia, incluindo ao Presidente russo, Vladimir Putin, e aos oligarcas do seu círculo próximo", diz a missiva da comissão, de acordo com o Wall Street Journal.
O banco suíço indicou, a 3 de março, que pediu aos investidores que acabaram a não participar no acordo para destruir documentos, citado práticas do mercado, garantiu que nada tinham a ver com as recentes sanções e que nenhuns dados foram apagados dentro do Credit Suisse.
Segundo o jornal norte-americano, os deputados estão particularmente preocupados com o facto de a instrução para a destruição de documentos coincidir com o anúncio da Suíça de que se ia juntar a outros países na aplicação de sanções.
Há ainda questões sobre se os investidores tinham informações adequadas para observar as sanções caso os empréstimos tivessem sido feitos a pessoas penalizadas por elas.
No início do mês, Thomas Gottstein afirmou que o Credit Suisse olha para as sanções impostas pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia como vinculativas, pelo que a aplicação por parte da Suíça, a 28 de fevereiro, foi "praticamente irrelevante".
O Credit Suisse informou ter congelado 5 mil milhões de euros de ativos de clientes em 2018 para observar sanções anteriores impostas a propósito da agressão russa na Ucrânia. E, no início do mês, deu conta de uma exposição à Rússia de até 1,1 mil milhões de euros, indicando ser mínima a relativa a indivíduos alvo de sanções.
O Wall Street Journal adianta, no entanto, que a Comissão de Supervisão pretende rever a lista de investidores envolvidos no acordo, assim como documentos que confirmem que o Credit Suisse tomou as devidas diligências no âmbito do acordo e dos ativos subjacentes relacionados com as sanções.
Neste sentido, o órgão solicitou também todas as comunicações e documentos relativos a instruções para destruir dados relacionados com o acordo, como reportado pelo Financial Times, esperando ainda obter comunicações bancárias com os proprietários desses bens.
Na missiva, a comissão pede ao Credit Suisse que submeta, até 11 de abril, a documentação que remonta a 1 de janeiro de 2017.