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Rússia terá bombardeado comboio humanitário turco e eleva tensão

O alegado ataque da força aérea russa a uma caravana humanitária turca na Síria poderá aumentar a tensão entre Moscovo e Ancara. Os dois países mantêm versões distintas sobre o abate de um avião militar russo.

Reuters
25 de Novembro de 2015 às 21:20
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A Rússia terá ignorado os apelos com vista ao desanuviar da tensão com a Turquia depois de ontem, alegadamente, ter bombardeado um comboio humanitário turco em Azaz, uma cidade síria junto à fronteira com a Turquia.

A informação avançada ao final desta quarta-feira pela agência noticiosa estatal turca, Anadolu, e citada pelo New York Times,  dá conta de que um comboio humanitário turco foi atingido em Azaz, provocando pelo menos sete mortos e 10 feridos. Apesar de não ser seguro afirmar que este ataque - a uma caravana humanitária dirigida a apoiar civis sírios afectados pela guerra civil que se arrasta no país desde 2011 - foi conduzido pelas forças russas, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos reportou grande actividade da força aérea russa, junto a Azaz, ao longo do dia de quarta-feira.

Antes, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, tinha assegurado que Moscovo não iria declarar guerra nem retaliar militarmente contra a Turquia depois de, na terça-feira, a força aérea turca ter abatido um avião militar russo invocando a violação do espaço aéreo turco.

No entanto, ainda antes desta declaração de Lavrov, a Rússia já enviara para a Síria um sistema de defesa anti-aérea (S-400) para uma base russa naquele país, em Hmeymim. Supostamente com o objectivo de fornecer segurança aos meio aéreos russos mobilizados para a luta contra o terrorismo, na qual Moscovo enquadra também as forças da oposição ao regime sírio do presidente Bashar al-Assad.

Rússia e Turquia discordam sobre o sucedido

Lavrov referiu-se à acção turca como tratando-se de uma "provocação planeada". Também esta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reafirmou que o avião militar russo abatido estava a violar o espaço aéreo turco (durante 17 segundos), mantendo a violação após repetidos avisos.  Já a Rússia reiterou que o avião russo sobrevoava território sírio, rejeitando que este tenha representado qualquer ameaça para Ancara.

E ao início da noite de quarta-feira, segundo a Reuters, Ancara explicou ao exército russo que o abate se deveu à falta de resposta do avião russo aos alertas e demonstrou abertura para "todo o tipo de cooperação" no apuramento dos factos. Por outro lado, a comunidade internacional desmultiplicou-se em apelos ao alívio da tensão.

Ancara invoca o direito de "defesa do seu próprio território", argumentação que merece anuência da NATO e dos Estados Unidos, garantindo ainda que as movimentações militares russas estavam a representar uma ameaça para as forças turcomenas sírias (junto à fronteira com a Turquia) que também integram a facção anti-Assad.

Quanto à Rússia, pela voz do presidente Vladimir Putin, acusa a Turquia de ser "cúmplice do terrorismo" do auto-proclamado Estado Islâmico, e garante que Ancara está a proteger o EI em nome de "interesses financeiros". Moscovo tenta assim estabelecer uma relação de comunhão de interesses entre a Turquia (maioria sunita) e aquela organização extremista que se revê na ala fundamentalista sunita (salafismo). Pela sua parte, a Rússia quer a continuidade do seu aliado Assad no poder.

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