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Portugueses entre "combate à Frente Nacional" e ausência de apoio

Os apoiantes portugueses de François Fillon, Benoît Hamon e Jean-Luc Mélenchon vão seguir os conselhos dos candidatos derrotados: uns vão "combater a Frente Nacional" e outros recusam escolher entre "uma fascista e um neo-liberal".

Reuters
24 de Abril de 2017 às 12:31
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Cristina Semblano, apoiante de Jean-Luc Mélenchon, disse à Lusa que não vai apoiar nenhum candidato na segunda volta, destacando que o líder de A França Insubmissa "agiu de forma democrática" ao não dar um conselho de voto aos seus eleitores "porque ele não se pode pronunciar em nome do movimento que tem meio milhão de cidadãos", o que "não quer dizer que esteja a favorecer a extrema-direita".

 

"Acho triste. Estamos perante uma escolha entre uma fascista e um neoliberal que vai intensificar as políticas de François Hollande, essas mesmas políticas que provocam a ascensão da extrema-direita. Estamos na mesma situação que em 2002, vamos ter de escolher entre a peste e a cólera", afirmou a economista, reiterando que "uma frente republicana contra a extrema-direita vai levar ao poder um Presidente cujas políticas vão favorecer ainda mais o crescimento da extrema-direita".

 

A deputada municipal em Gentilly, junto a Paris, destacou, ainda, o "resultado histórico" do candidato da esquerda radical, considerando que "abre um horizonte do possível para a esquerda revolucionária em França" e que o movimento A França Insubmissa "vai concentrar toda a luta contra as políticas que vão ser adoptadas pelo futuro Presidente".

 

Paulo Marques, apoiante do conservador François Fillon, afirmou à Lusa que para os militantes de Os Republicanos "esta manhã é o massacre", mas vai votar "sem dúvida nenhuma" em Emmanuel Macron, a 07 de maio, para travar a ascensão da líder da extrema-direita que representa "o caos da França".

 

"Eu votarei Macron porque é impensável votar na outra candidata. Eu vou comemorar 30 anos de política, comecei aos 18 anos porque para dar voz à comunidade portuguesa era necessário integrar os órgãos de decisão franceses. Obviamente, não posso deixar que a candidata à segunda volta possa denegrir e excluir o que faz a base identitária da França que é a pluralidade, nomeadamente, com a comunidade portuguesa", afirmou o vereador de Aulnay-sous-Bois, nos arredores de Paris.

 

O também presidente da associação de autarcas de origem portuguesa acrescentou que Os Republicanos podem atingir uma maioria nas eleições legislativas de Junho "com um novo líder porque o François Fillon ficou desqualificado", o que forçaria Emmanuel Macron a uma coabitação com a direita.

 

"Vamos ganhar as eleições legislativas. Vamos ter uma maioria e aí vamos ter um governo que, por exemplo, pode ter François Baroin como primeiro-ministro de Macron - como sucedeu com Mitterrand e Jacques Chirac e com Chirac e Lionel Jospin. Aí, teríamos Macron presidente da República, François Baroin primeiro-ministro e, depois, ministros do François Baroin", estimou Paulo Marques.

 

Para Hermano Sanches Ruivo, apoiante do candidato do Partido Socialista (PS) Benoît Hamon, pelo contrário, em caso de vitória do candidato do movimento Em Marcha!, Emmanuel Macron "precisa da esquerda" porque se vai "entrar numa coabitação única em que o Presidente vai ter de compor com o Governo".

 

O vereador-executivo de Paris disse à Lusa que a sua prioridade até à segunda volta é o "combate contra a extrema-direita" e não vai ter "nenhuma dificuldade em votar Emmanuel Macron" até porque "já está vacinado" por ter votado contra a extrema-direita em 2002 quando Jacques Chirac, da direita, enfrentou Jean-Marie Le Pen, o pai de Marine.

 

"A primeira tarefa é claramente combater a Frente Nacional. O meu trabalho nos próximos 15 dias é convencer - incluindo alguns franceses de origem portuguesa - que o projecto de Marine Le Pen não tem de maneira nenhuma viabilidade", indicou o franco-português.

 

O vereador-executivo de Paris defendeu que "o PS não desapareceu nem vai desaparecer" mas "terá de haver uma clarificação dentro do partido" que "ainda é uma mistura de várias coisas" até porque "muitos quadros do partido apoiaram Emmanuel Macron".

 

Os dados da primeira volta das eleições presidenciais em França, quando estavam apurados 97% dos votos, indicam que o centrista Emmanuel Emmanuel Macron obteve 23,86%, enquanto Le Pen conquistou 21,43%, disputando a segunda volta, dentro de duas semanas, a 07 de maio.

 

Em terceiro lugar ficou o conservador François Fillon, com 19,94%, enquanto Jean-Luc Mélenchon (esquerda) obteve 19,62% dos votos.

 

O socialista Benoît Hamon obteve uma derrota histórica para o seu partido, com 6,35% dos votos.

 

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