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Oposição reitera pedido de demissão de Macron após discurso

Depois da queda do governo, Emmanuel Macron acusou os partidos da oposição de votarem na moção de censura unidos "numa frente antirrepublicana" por quererem "criar desordem", numa altura em que o país vive uma situação de crise política e orçamental.

05 de Dezembro de 2024 às 23:02
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O Presidente francês prometeu esta quinta-feira que nomeará um primeiro-ministro "nos próximos dias", após a moção de censura que derrubou o Governo de Michel Barnier, num discurso que foi recebido com pedidos de demissão pelos líderes da oposição.

Num discurso transmitido pela televisão, Emmanuel Macron acusou os partidos da oposição de votarem na moção de censura unidos "numa frente antirrepublicana" por quererem "criar desordem", numa altura em que o país vive uma situação de crise política e orçamental.

Após o discurso, o secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, afirmou que a única frente antirrepublicana é "aquela que faz promessas à extrema-direita" e "negoceia exclusivamente com ela".

"A verdadeira irresponsabilidade no debate orçamental é ter sacrificado o acesso aos cuidados de saúde, aos reformados de baixos rendimentos, aos lares de idosos e aos hospitais públicos", acrescentou.

Olivier Faure, o chefe dos deputados do PS, Boris Vallaud, e o seu homólogo no Senado, Patrick Kanner, serão recebidos no Palácio do Eliseu na sexta-feira de manhã, segundo o jornal Le Monde, que avançou que Emmanuel Macron irá receber também os líderes dos partidos e os presidentes do bloco central, do Partido Socialista e da direita.

Para os centristas e a direita, trabalhar com os socialistas e os ecologistas - únicas forças dispostas a compromissos - implica que estes últimos se separem do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), com o qual formam a Nova Frente Popular (NFP), principal força da Assembleia Nacional.

O LFI avisou hoje que censuraria um Governo que não viesse da esquerda, apelando à demissão de Macron e à realização de "eleições presidenciais antecipadas", que estão previstas para 2027, algo que o Presidente francês recusou, assegurando que cumprirá o seu mandato presidencial de cinco anos "até ao fim".

A vice-presidente da Assembleia Nacional da LFI, Clémence Guetté, denunciou a "arrogância" do Presidente que "insulta toda a gente (...) não anuncia nada".

Macron é "a causa do problema" e "vai sair pela força dos acontecimentos", disse o líder da esquerda radical LFI, Jean-Luc Mélenchon, logo após o discurso do presidente.

Para Eric Ciotti (de direita aliado da extrema-direita), "ousar falar de uma frente antirrepublicana é um erro moral", condenando a expressão usada por Macron para descrever os deputados que votaram a favor da moção de censura.

Já a extrema-direita, que desempenha o papel de árbitro e precipitou a censura do Governo Barnier, garantiu que deixará o futuro chefe de Estado trabalhar" para "co-construir um orçamento aceitável para todos", com a líder da União Nacional (RN), Marine Le Pen, a garantir a oposição a um primeiro-ministro de esquerda.

"Não haverá um primeiro-ministro da Nova Frente Popular", afirmou em entrevista à CNews, considerando que tal não é "do interesse de Emmanuel Macron", a não ser que haja "uma das suas famosas fases de provocação".

A líder do RN na Assembleia da República reiterou o seu pedido de "mudança do sistema de votação" para as eleições legislativas, para um sistema "baseado na representação proporcional", para assim conseguir ter "uma maioria absoluta porque o país precisa de ter um rumo".

"Uma moção de censura não é antirrepublicana", afirmou o também dirigente do RN Jordan Bardella no canal France 2, acrescentando que quando se ocupa o alto cargo "não se pode passar o tempo a insultar os milhões de franceses que não concordam" com a política seguida, defendendo que não tem uma "causa comum" com o LFI.

Para Jordan Bardella, "a aliança que não é digna (...) é a aliança profana que se formou entre os macronistas e a Nova Frente Popular durante as eleições legislativas", referindo-se aos círculos eleitorais em que os candidatos se retiraram para impedir a vitória do RN.

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