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Na Grécia também houve debate, mas ainda sem alianças à vista
Em Atenas o debate foi a sete e, naturalmente, a economia esteve no centro da discussão. Com as sondagens longe de apontarem para uma maioria, o debate terminou sem que fosse possível antecipar quaisquer acordos pós-eleitorais.
A dez dias das eleições antecipadas na Grécia, marcadas para 20 de Setembro, os vários líderes partidários participaram no primeiro grande debate televisivo a que o país assistiu desde 2009. No final, mantém-se a incerteza sobre as perspectivas de alianças.
No debate defrontaram-se Alexis Tsipras, líder do Syriza, e o seu grande rival Evangelos Meimarakis, da Nova Democracia, mas também Fofi Gennimata, líder do PASOK, Stavros Theodorakis, do Potami, Dimitris Koutsoumbas, líder comunista, Panayiotis Lafazanis, da Unidade Popular, e Panos Kammenos, pelos Gregos Independentes. O dirigente dos neofascistas do Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, não participou.
De possíveis alianças pós eleições, nem sinal. Num cenário político marcado pela fragmentação, em que as sondagens estão longe de apontar para uma qualquer maioria absoluta e nenhum dos candidatos poderá governar sozinho, o debate terminou sem que fosse possível antecipar quaisquer acordos.
Com Tsipras e Meimarakis taco a taco nas sondagens, o líder da Nova Democracia admitiu que Tsipras nem sequer quer falar com ele sobre uma futura coligação e o ex-primeiro-ministro insiste em que não poderão governar em conjunto. Já Stavros Theodorakis, do Potami, que tem tentado assumir o papel de fiel da balança, afirmou que, muito embora tenha votado a favor do memorando assinado por Tsipras, "porque a alternativa seria pior", o apoio do seu partido "não pode ser dado como garantido", refere o jornal grego on-line "Ekathimerini".
Lafazanis, ex-Syriza, ala radical, manteve o tom de sempre, salientando que a saída da Grécia do euro é uma questão que está longe de estar arrumada, e Koutsoumbas manteve-se no lado oposto desta discussão, excluindo qualquer entendimento, tal como os restantes participantes.
A economia, claro, esteve no centro do debate entre os sete candidatos, com Tsipras a puxar pelos galões da experiência com a troika e sublinhando que o acordo que assinou com os credores internacionais foi fundamental para "estabilizar" a economia do país. Admitindo que "durante o caminho houve alguns erros e excessos", o líder do Syriza lembrou a dura negociação que houve, e acusou os seus antecessores da Nova Democracia de, ao invés, se terem limitado a ceder às exigências dos credores. "Era impossível ter conseguido um acordo melhor, apesar de todos os nossos esforços", garantiu Tsipras, de acordo com a Bloomberg.
As questões fiscais, sobretudo o ENFIA, uma contribuição imposta aos proprietários duramente contestada pelos gregos, bem como a crise dos refugiados foram também pontos fortes do debate. No primeiro caso, Tsipras garantiu que a nova contribuição é para abolir e, no que toca aos refugiados, recusou responsabilidades, lembrando que se trata de "um fenómeno à escala global".
O líder da Nova Democracia rebateu, acusando Tsipras de ter feito aos gregos promessas que sabia não poder manter e de ter destruído a recuperação que a sua coligação tinha conseguido, lembrando que que o seu governo "foi violentamente interrompido" e que em Janeiro, quando entregou o país ao Syriza, "a economia estava em melhor situação do que agora".