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Moody’s corta "rating" da Hungria para "lixo"
Agência de notação financeira retira o grau de investimento à dívida de longo prazo da Hungria devido ao pedido de ajuda à UE e ao FMI.
![](http://www.jornaldenegocios.pt/images/2010_06/budapeste_hungria_1_not.jpg)
A dívida de longo prazo da Hungria foi reduzida em um nível, de ‘Baa3’ para ‘Ba1’, anunciou a Moody’s em comunicado. A perspectiva é “negativa”, o que significa que poderá voltar a haver cortes.
“O principal motivador do corte de hoje está na incerteza em torno da capacidade do governo húngaro para cumprir as suas metas de consolidação orçamental e de redução da dívida pública”, sublinha a agência de notação financeira.
Recorde-se que a Hungria está no último nível do grau de investimento nas classificações da Fitch e da Standard & Poor’s.
Na sexta-feira passada, o Ministério húngaro da Economia referiu que o país pretendia negociar um “novo tipo” de cooperação com o FMI e a EU, o que acabou por ser oficializado no início desta semana. “A economia húngara tem sido financiada através dos recursos do mercado. Não dependemos da boa vontade de terceiros. A era da renovação acabou e está prestes a começar a era do crescimento. Para tal, temos de recorrer a todos os instrumentos possíveis”, referia a nota do Ministério, citada pela Bloomberg.
“Para atingirmos este objectivo, o governo iniciou negociações com o FMI e com a UE para delinear um novo tipo de cooperação que possa promover o crescimento económico da Hungria, em vez de medidas de austeridade”, salientava o mesmo documento.
A Hungria poderá chegar a acordo com os grupos da UE e do FMI “nos primeiros meses do ano”, referiu ainda o Ministério da Economia. O país quer “garantias” por parte do FMI de que a sua capacidade de formular a sua própria política económica não será condicionada, afirmou por seu lado o primeiro-ministro Viktor Orban, em declarações à rádio MR1.
O governo da Hungria – o Estado-membro mais endividado de entre os países da Europa de Leste – recuou assim na sua política de rejeitar ajudas adicionais. Isto porque a moeda local, o forint, caiu para um mínimo histórico face ao euro, ao mesmo tempo que os juros da dívida soberana dispararam.
As “yields” em todos os prazos têm estado a superar a temível barreira dos 7% (que levou outros Estados-membros a pedirem ajuda externa), se bem que em Junho de 2009 – em plena crise mundial - tenham estado nos 14,35% na maturidade a 3 anos e acima dos 12% no prazo a 10 anos.
Hoje, os juros da dívida soberana da Hungria estiveram acima dos 8% em todas as maturidades. Desde que a Grécia pediu ajuda à UE e ao FMI, em Maio de 2010, os juros da dívida pública da Hungria têm estado sob pressão.
A contribuir para este pedido de ajuda preventiva por parte da Hungria estará também o facto de a Standard & Poor’s ter ameaçado há duas semanas que poderia cortar o “rating” da dívida de longo prazo deste país para “lixo” ainda este mês.
Uma linha de crédito preventiva é a mais recente linha de ajuda do FMI, introduzida em Agosto do ano passado, sendo atribuída a países com fundamentais fortes e políticas sólidas, recorda a Bloomberg. Esta linha de crédito impõe menos condições do que um empréstimo “stand-by” – que foi concedido à Hungria em 2008 para evitar um “default” durante a chamada Grande Crise que teve início nos EUA com o desmoronamento do mercado do “subprime” (créditos hipotecários de alto risco).