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Moody’s corta "rating" da Hungria para "lixo"

Agência de notação financeira retira o grau de investimento à dívida de longo prazo da Hungria devido ao pedido de ajuda à UE e ao FMI.

24 de Novembro de 2011 às 01:36
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A qualidade da dívida soberana da Hungria deixou de estar no grau de investimento. Quinze anos depois de a manter neste patamar, a Moody’s cortou-a agora para “lixo”, um nível que já pertence ao chamado grau especulativo e em que se considera que existe um elevado risco de o país não cumprir integralmente os seus compromissos financeiros.

A dívida de longo prazo da Hungria foi reduzida em um nível, de ‘Baa3’ para ‘Ba1’, anunciou a Moody’s em comunicado. A perspectiva é “negativa”, o que significa que poderá voltar a haver cortes.

A justificar esta decisão está o pedido de ajuda à Comissão Europeia e ao FMI feito oficialmente no início desta semana pela Hungria.

“O principal motivador do corte de hoje está na incerteza em torno da capacidade do governo húngaro para cumprir as suas metas de consolidação orçamental e de redução da dívida pública”, sublinha a agência de notação financeira.

Recorde-se que a Hungria está no último nível do grau de investimento nas classificações da Fitch e da Standard & Poor’s.

Na sexta-feira passada, o Ministério húngaro da Economia referiu que o país pretendia negociar um “novo tipo” de cooperação com o FMI e a EU, o que acabou por ser oficializado no início desta semana. “A economia húngara tem sido financiada através dos recursos do mercado. Não dependemos da boa vontade de terceiros. A era da renovação acabou e está prestes a começar a era do crescimento. Para tal, temos de recorrer a todos os instrumentos possíveis”, referia a nota do Ministério, citada pela Bloomberg.

“Para atingirmos este objectivo, o governo iniciou negociações com o FMI e com a UE para delinear um novo tipo de cooperação que possa promover o crescimento económico da Hungria, em vez de medidas de austeridade”, salientava o mesmo documento.

A Hungria poderá chegar a acordo com os grupos da UE e do FMI “nos primeiros meses do ano”, referiu ainda o Ministério da Economia. O país quer “garantias” por parte do FMI de que a sua capacidade de formular a sua própria política económica não será condicionada, afirmou por seu lado o primeiro-ministro Viktor Orban, em declarações à rádio MR1.

O governo da Hungria – o Estado-membro mais endividado de entre os países da Europa de Leste – recuou assim na sua política de rejeitar ajudas adicionais. Isto porque a moeda local, o forint, caiu para um mínimo histórico face ao euro, ao mesmo tempo que os juros da dívida soberana dispararam.

As “yields” em todos os prazos têm estado a superar a temível barreira dos 7% (que levou outros Estados-membros a pedirem ajuda externa), se bem que em Junho de 2009 – em plena crise mundial - tenham estado nos 14,35% na maturidade a 3 anos e acima dos 12% no prazo a 10 anos.

Hoje, os juros da dívida soberana da Hungria estiveram acima dos 8% em todas as maturidades. Desde que a Grécia pediu ajuda à UE e ao FMI, em Maio de 2010, os juros da dívida pública da Hungria têm estado sob pressão.

A contribuir para este pedido de ajuda preventiva por parte da Hungria estará também o facto de a Standard & Poor’s ter ameaçado há duas semanas que poderia cortar o “rating” da dívida de longo prazo deste país para “lixo” ainda este mês.

Uma linha de crédito preventiva é a mais recente linha de ajuda do FMI, introduzida em Agosto do ano passado, sendo atribuída a países com fundamentais fortes e políticas sólidas, recorda a Bloomberg. Esta linha de crédito impõe menos condições do que um empréstimo “stand-by” – que foi concedido à Hungria em 2008 para evitar um “default” durante a chamada Grande Crise que teve início nos EUA com o desmoronamento do mercado do “subprime” (créditos hipotecários de alto risco).

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