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Macron poderá avançar com referendo para travar "coletes amarelos"

O presidente francês quer colocar um ponto final ao movimento dos "coletes amarelos". O cheque-mate poderá ser a realização de um referendo.

04 de Fevereiro de 2019 às 12:08
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Emmanuel Macron está a preparar um referendo para maio, na mesma altura das eleições europeias, como resposta aos protestos dos "coletes amarelos" que o obrigaram a aumentar o salário mínimo, entre outras medidas. A notícia foi avançada pelo Le Journal du Dimanche neste fim de semana, mas o presidente francês já tinha referido essa hipótese. A Bloomberg avança que os ministros do Governo francês estão contra.

O Palácio Eliseu ainda não confirmou a realização do referendo, mas esta possibilidade tinha sido referida pelo próprio Macron na semana passada: "Está em cima da mesa", disse na passada quinta-feira. Caso avance, o voto deverá acontecer a 26 de maio, o mesmo dia escolhido por França para as eleições europeias para o Parlamento Europeu - e os boletins de voto já terão sido pré-encomendados. 

O jornal francês avança que os franceses deverão ter de decidir sobre se querem ver reduzido o número de deputados da Assembleia Nacional e se pretendem impor limites aos mandatos para impedir carreiras exclusivamente dedicadas à política. Por razões logísticas, a decisão de avançar teria de ser tomada nos próximos dias.

A concretizar-se, este será o primeiro referendo a realizar-se em França em 14 anos. Após o momento crítico dos "coletes amarelos", Macron decidiu iniciar uma série de debates públicos nas cidades francesas para discutir as políticas do Governo. O voto é visto como o "último ato" desse ciclo numa tentativa de fechar esse capítulo e ceder aos pedidos de uma democracia mais direta. 

Numa entrevista citada pela agência francês AFP, a ministra dos Assuntos Europeu, Nathalie Loiseau, garantiu que "o presidente da República não exclui nada, mas ainda não tomou uma decisão". Segundo a Bloomberg, os ministros do Governo francês estão a tentar dissuadir Macron desta hipótese. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, já avisou publicamente o presidente para não misturar assuntos internos com o voto para as Europeias, uma mensagem partilhada por outros colegas. 

O histórico recente dos referendos em países europeus poderá ser dissuasor para o presidente francês. No Reino Unido, a decisão de David Cameron de realizar um referendo para a saída do Reino Unido da União Europeia teve o resultado contrário ao pretendido pelo então primeiro-ministro britânico. Mais de dois anos depois, o país ainda está numa encruzilhada. 

Em Itália, Matteo Renzi referendou uma reforma constitucional e a sua derrota levou à sua saída do Governo com a posterior ascensão de dois partidos populistas que atualmente governam o país. 

Emmanuel Macron já tem visto a sua popularidade cair de forma expressiva - de 47% para cerca de 27,7% em 12 meses - e uma derrota no referendo poderia colocar a sua legitimidade em causa. 

Oposição ataca Macron
Em reação, o líder da oposição, Laurent Wauquiez (Partido Republicano), disse que este passo pode ser um risco. "Claro que é um assunto importante, mas se é o único assunto que vamos propor às pessoas, então o presidente está a correr um grande risco", avisou.

Já Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, diz que esta é uma manobra de diversão criada por Emmanuel Macron para distrair os eleitores das eleições europeias. "Mesmo antes de lançar o grande debate ele [Macron] já tinha decidido propor um referendo no mesmo dia das eleições europeias para afastar as atenções dos assuntos europeus", afirmou.
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