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Líderes europeus confiantes em acordo para recuperar Europa após "momentos muito tensos"

"Há um espírito de compromisso presente", considerou Emmanuel Macron, observando que "houve momentos muitos tensos" e ainda haverá "momentos que serão sem dúvida muito difíceis".

20 de Julho de 2020 às 13:45
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À chegada ao edifício do Conselho Europeu para o quarto dia da reunião considerada decisiva para recuperar a Europa da recessão provocada pela pandemia, os líderes europeus estão a passar uma mensagem otimista com a possibilidade de ser fechado um acordo ainda esta segunda-feira. Ainda assim, o reencontro em plenário a 27 foi adiado para as 17:00 em Bruxelas (16:00 em Lisboa), revelou o porta-voz de Charles Michel, líder do Conselho Europeu, numa altura em que decorrem ainda conversações ao nível técnico sobre as mudanças na proposta de compromisso que deverá ser posta em cima da mesa esta tarde.

Declarações bem diferentes das efetuadas em Bruxelas nos últimos dias, quando vários líderes não escondiam que era elevada a probabilidade de um fracasso.

O Presidente francês afirmou que sente um "espírito de compromisso" entre os 27 após "momentos muito tensos" durante as negociações. Emmanuel Macron disse partir para o quarto dia de cimeira "com as esperanças possíveis num compromisso", justificando a sua prudência com o facto de ainda nada estar fechado.

No entanto, o Presidente francês observou que foi possível durante a última madrugada "avançar bastante a nível das regras de funcionamento do Fundo de Recuperação", assim como do "montante global do fundo e a parte das subvenções, que foi o assunto mais sensível, sem dúvida, dos últimos dias, das últimas horas".

"Há um espírito de compromisso presente", considerou, observando que "houve momentos muitos tensos" e ainda haverá "momentos que serão sem dúvida muito difíceis".

Macron disse que "é preciso entrar agora nos detalhes", advertindo que um compromisso terá sempre de manter o nível de "ambição" que a profunda crise provocada pela pandemia da covid-19 exige. "Abordo este dia com muita determinação", concluiu.

Há um espírito de compromisso presente. Houve momentos muitos tensos Emmanuel Macron

Pedro Sanchez assinalou que "Espanha manteve uma posição construtiva com um objetivo claro: assegurar que chegamos a acordo". O primeiro-ministro espanhol chamou a atenção para a necessidade de "exercício de diálogo e escuta ativa" e prosseguir as negociações com "compromisso e responsabilidade".

Merkel e Von der Leyen otimistas
Também a chanceler alemã, Angela Merkel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostraram-se hoje otimistas à chegada ao Conselho Europeu, afirmando existirem "passos na direção certa", com um "enquadramento para um possível acordo" esta tarde.

"Ontem [domingo] à noite, após longas negociações, elaborámos um enquadramento para um possível acordo. Isto é um passo em frente e dá-nos esperança de que um acordo possa ser alcançado hoje, ou pelo menos que um acordo seja possível", afirmou Angela Merkel, em declarações prestadas à entrada para ser retomada a cimeira extraordinária de líderes europeus, em Bruxelas, dedicada à resposta comunitária à crise gerada pela covid-19.

Depois de mais de 20 horas de negociações no domingo, mais à margem do que em plenário, e de os trabalhos formais terem sido interrompidos já de madrugada, os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) voltam a sentar-se à mesa esta tarde, com Angela Merkel a mostrar-se otimista sobre a base negocial agora em cima da mesa, que prevê a atribuição de 390 mil milhões de euros aos países em subsídios a fundo perdido.

Lembrando a proposta franco-alemã, que propunha um montante de 500 mil milhões de euros em subvenções, a chanceler considerou que este documento "deu o impulso para um pacote realmente substancial nesta situação excecional".

E, a seu ver, "foi por isso que foi possível chegar a acordo para uma proporção considerável de subvenções", argumentou Angela Merkel.

Considerando ser "evidente que haveria negociações incrivelmente duras" neste Conselho Europeu, que irão prosseguir esta tarde, a responsável disse ainda esperar que "o fosso que resta possa ainda ser colmatado", embora admitindo que tal "não será fácil".

Também otimista mostrou-se a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que ao chegar ao Conselho Europeu, para o quarto dia de cimeira, indicou que apesar de os 27 "ainda não terem lá chegado", a um acordo, "as coisas estão a avançar na direção certa".

"Após três dias e três noites de maratona de negociações, estamos agora a entrar na fase crucial", frisou a também alemã. Ursula von der Leyen afirmou, ainda, ter a "impressão de que os líderes europeus querem realmente um acordo".

"Eles mostraram a vontade clara de encontrar uma solução e nós precisamos de uma solução […]. Estou positiva em relação ao dia de hoje", concluiu Ursula von der Leyen.

Subvenções baixam

O Conselho Europeu, que decorre em Bruxelas desde sexta-feira de manhã em busca de um acordo para o relançamento europeu após a crise da covid-19, encontra-se já no seu quarto dia, não tendo os líderes chegado ainda a uma plataforma de entendimento em torno do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação.

Depois de um jantar de trabalho no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, interrompeu a reunião plenária para consultas, que se prolongaram até perto das 06:00 locais da madrugada de hoje (05:00 de Lisboa). Os trabalhos serão retomados hoje à tarde, pelas 16:00 locais, 15:00 de Lisboa.

Segundo fontes europeias, Michel deverá começar por colocar sobre a mesa uma proposta formal que mantém o montante global do Fundo de Recuperação em 750 mil milhões de euros – como propunha a Comissão –, mas com os subsídios a fundo perdido a pesarem 390 mil milhões de euros, montante que já terá tido ‘luz verde’ dos 27.

Tanto o plano franco-alemão como a proposta da Comissão Europeia defendiam subvenções num montante de 500 mil milhões de euros, algo rejeitado pelos chamados países ‘frugais’ (Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca), que exigiam que as subvenções ficassem abaixo dos 400 mil milhões de euros.

Fontes europeias dizem esperar que Charles Michel apresente também aos 27 uma proposta ligeiramente revista do Quadro Financeiro Plurianual para os próximos sete anos.

Esta é já uma das cimeiras mais longas da história da UE, aproximando-se a passos largos daquela que fixou o recorde, a cimeira de Nice em 2000, que se prolongou por cinco dias.

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