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Le Pen alerta Macron para o risco de "guerra civil" em França
Um grupo de militares ligado à extrema-direita francesa já enviou duas cartas ao presidente francês com ameaças de guerra civil. Le Pen aproveitou para capitalizar e alertou que "existe sempre o risco de uma guerra civil".
O presidente francês já recebeu duas cartas de militares a alertarem para o cenário de "caos e violência". Marine Le Pen apoia os autores das ameaças e aproveitou para avisar Emmanuel Macron que, apesar de não o defender, o risco de o país enfrentar uma guerra civil é real.
A primeira carta, que foi enviada por um grupo de generais reformados no mês passado, ameaçava com um "levantamento militar". A segunda, que não foi assinada, foi mais longe ao ameaçar "caos e violência" contra as políticas de Macron.
Le Pen apoiou o conteúdo das duas cartas e esta segunda-feira deu um passo em frente. Para a líder da extrema-direita francesa, esta última carta oferece uma "avaliação lúcida" sobre o estado do país. "Existe sempre o risco de uma guerra civil", acrescentou.
Se a primeira carta já mencionava a ameaça de "guerra civil", a segunda vai mais longe e assinala que a "guerra civil está a fermentar", ao mesmo tempo que acusa o governo francês de "cobardia, fraude e perversão". Esta segunda carta foi enviada em apoio à primeira, que tinha sido publicada no 60.º Aniversário do golpe de estado falhado contra Charles de Gaulle.
Le Pen está a aproveitar o forte crescimento da extrema-direita junto dos militares franceses para subir o tom das ameaças a Macron. Numa altura em que falta um ano para as presidenciais francesas, Le Pen está também a intensificar o seu já habitual discurso xenófobo e anti-imigração.
A Bloomberg assinala que não existem quaisquer sinais de conflito, mas a tensão crescente sobre a desigualdade e o sentimento de insegurança no país está a favorecer Le Pen, que pretende reforçar a ideia de que é a candidata da "lei e ordem".
Apesar do descontentamento crescente junto dos militares, Macron não é o primeiro presidente francês a receber ameaças semelhantes, que nunca se concretizaram. No Eliseu as cartas estão a ser ignoradas e classificadas apenas como "manobras políticas".
Para o primeiro-ministro francês, Jean Castex, trata-se de um "manifesto político" da extrama-direita. O ministro da defesa fala em "maquinações políticas" e o ministro do interior uma "manobra de má qualidade".
Na altura da crise dos "coletes amarelos", que paralisou a França em 2018, foram vários os generais aposentados a apelar à formação de um governo militar.