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Durão Barroso: Elites portuguesas não têm estado à altura da capacidade de resiliência do povo

"Portugal tem uma grande capacidade de se adaptar, de se reinventar", defendeu o também antigo primeiro-ministro, apontando uma crítica às elites, que considerou não estarem "à altura da capacidade notável de resiliência que o povo português tem demonstrado".

# Porque Desce - A sua ligação ao Goldman Sachs fez Durão Barroso subir no 'ranking' dos Mais Poderosos do Negócios em anos anteriores. No entanto, as dúvidas demonstradas nomeadamente pela provedora de Justiça da União Europeia limitam a sua margem de acção. Tudo o que faz e todas as reuniões que tenha serão olhadas à lupa. O Goldman Sachs terá também um novo presidente, o que, para já, motiva dúvidas sobre as mudanças que poderá operar no banco mais poderoso do mundo.
reuters
22 de Outubro de 2019 às 17:39
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O antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou hoje que as "elites portuguesas não têm estado à altura da capacidade notável de resiliência que o povo português tem demonstrado" e que o futuro de Portugal se joga na Europa.

 

Durão Barroso falava aos participantes no congresso anual da Confederação Empresarial de Portugal, no Centro de Congressos do Estoril, numa intervenção subordinada ao tema "Reinventar a Globalização".

 

"Portugal tem uma grande capacidade de se adaptar, de se reinventar", defendeu o também antigo primeiro-ministro, apontando uma crítica às elites, que considerou não estarem "à altura da capacidade notável de resiliência que o povo português tem demonstrado".

 

"O futuro de Portugal joga-se na Europa. A nossa fronteira não é Vilar Formoso", sublinhou, reiterando que o "interesse nacional não deve ser incompatível com o interesse europeu".

 

"[A União Europeia] não é perfeita, tem os seus problemas. Mas sem a União Europeia nós não tínhamos qualquer hipótese de defender os nossos interesses", salientou.

 

Durão Barroso deixou uma nota de preocupação com a questão da economia do mar em Portugal e considerou que o país continua a não ter portos competitivos.

 

"Se queremos de facto um investimento na área do mar (...) tem de se ter meios", defendeu.

 

Em termos marítimos, "estamos mais perto da China do que está a Alemanha do norte ou que está a Holanda [onde se localizam os mais importantes portos europeus]", disse ainda Durão Barroso.

 

"Acho que Portugal tem as capacidades e as competências. E os portugueses hoje em dia estão com uma abertura maior ao mundo do que quando eu estudava", defendeu.

 

Saída do Reino Unido vai mesmo acontecer 

Questionado sobre o 'Brexit', Durão Barroso disse estar convencido de vai de facto acontecer e que o voto dos britânicos teve que ver com um conjunto de forças populistas que estão a pôr em causa a globalização.

 

"Uma grande parte da população [britânica] acha que estrangeiros estão a competir com os nacionais", defendeu.

 

No entanto, Durão Barroso acredita também que a força das relações económicas entre Reino Unido e União Europeia vai fazer com que aquele país se torne um "parceiro muito próximo da UE", embora fora dela.

 

O antigo presidente do PSD prevê ainda um cenário onde, depois do 'Brexit', o Reino Unido vai ter de escolher entre um acordo comercial com os Estados Unidos ou com a China, "o grande vencedor da globalização", devido à guerra comercial entre aqueles dois países.

 

"Pensar que a China vai aceitar toda aquela lista interminável de condições que o Presidente [norte-americano] Trump colocou [para umas tréguas comerciais] é irrealista", afirmou, acrescentando que também a Europa pode ter de vir a escolher, em termos económicos, entre os dois países em guerra comercial e, se isso acontecer, acredita que a opção será pela manutenção da parceria com os Estados Unidos, apesar de a China ser um mercado essencial para a Europa.

 

 

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