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Centeno não exclui eurobonds e descarta austeridade para responder à crise
Numa entrevista com cinco jornais europeus, Mário Centeno afirmou que a solidariedade europeia não tem de passar pela emissão de eurobonds, mas não excluiu esta opção.
O ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo reitera que não é a altura de avançar com a mutualização de dívida na Europa, mas não descarta este mecanismo no âmbito das medidas a implementar para responder ao impacto da pandemia.
Numa entrevista com cinco jornais europeus, Mário Centeno afirmou que a solidariedade europeia não tem de passar pela emissão de eurobonds, mas não excluiu esta opção.
"A solidariedade é algo que está no coração e conceção da União Europeia. Esta não é uma crise que devemos enfrentar com os velhos manuais, não é fruto de debilidades estruturais", pelo que a estratégia tem de passar pela união "e ajudarmo-nos a diluir os custos".
Questionado se esta solidariedade passava pela mutualização da dívida, Centeno respondeu que "não necessariamente, mas não as excluo [eurobonds]".
Citado pelo El Mundo, Centeno afirmou que "temos visto reações muito favoráveis e também de oposição a determinadas soluções, como a emissão conjunta de dívida. Não me cabe julgar agora, mas o objetivo económico é muito claro e está no acordo [do Eurogrupo]: distribuir o custo ao longo do tempo e com financiamento apropriado. Temos que ser inovadores, pensar fora da caixa, ir além do convencional e dar uma resposta concreta".
Acrescentou ainda que "precisamos de instrumentos úteis, com racional económico e de acordo com a dimensão de cada desafio".
Centeno afastou também o recurso a medidas de austeridade para financiar os custos que os países vão ter com as medidas de apoio à economia. "A única solução para esta crise, de proporções descomunais, não é a austeridade, mas sim distribuir a carga ao longo do tempo".
O jornal espanhol titulou a entrevista pelo alerta de Centeno de que serão necessário dois anos para a economia regressar aos níveis de 2019.
Todos os outros jornais optaram por ângulos diferentes. O alemão Frankfurter Allgemeine destacou a urgência de ser dada uma resposta à crise e o italiano Corriere della Sera a promessa de não fazer divisões entre o norte e o sul. O francês Le Monde destacou a necessidade de serem seguidas receitas que não estão nos livros tradicionais e o holandês NRC destacou que só uma Europa unida pode "enfrentar a montanha da dívida".
Interview with french newspaper Le monde https://t.co/ipMikXl8Iz
— Mário Centeno (@mariofcenteno) April 15, 2020
Interview with Dutch newspaper NRC.
— Mário Centeno (@mariofcenteno) April 15, 2020
Alleen samen kunnen we de schuldenberg aan’ - NRC https://t.co/Q7APFfxP5m
Interview with Italian newspaper Corriere dela Sera.
— Mário Centeno (@mariofcenteno) April 15, 2020
Centeno, presidente dell’Eurogruppo: «Non dividiamoci tra Sud e Nord» https://t.co/SNC4l6B4CE
Interview with the german newspaper FAZ.
— Mário Centeno (@mariofcenteno) April 15, 2020
Eurogruppenchef Centeno für Solidarität zwischen den Eurostaaten https://t.co/9R2yOFTFA0
Interview with the spanish newspaper El Mundo. "Necesitaremos al menos dos años enteros para volver al nivel de 2019. Y más aún para la deuda" https://t.co/GDRgTDl29n
— Mário Centeno (@mariofcenteno) April 15, 2020