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Áustria elege presidente pró-europeu
O candidato moderado e ecologista Van der Bellen venceu as presidenciais austríacas, derrotando o candidato da extrema-direita e permitindo a Bruxelas respirar de alívio.
O independente moderado Alexander Van der Bellen vai mesmo ser o próximo presidente da Áustria. Este economista de 72 anos de idade venceu a repetição da segunda volta das presidenciais austríacas, realizada este domingo, alcançando 51,7% dos votos dos eleitores residentes na Áustria face aos 48,3% obtidos pelo seu rival, Norbert Hofer. Os resultados finais só serão conhecidos já esta segunda-feira depois de contabilizados os mais de 500 mil votos por correspondência.
Com este resultado respirou-se de alívio em Viena e também em Bruxelas. É que este político pró-europeu derrotou o candidato eurocéptico apoiado pelo Partido da Liberdade, Norbert Hofer, evitando assim a primeira eleição, em toda a Europa do pós-Segunda Guerra, de um presidente oriundo de um partido da extrema-direita.
Pouco depois de Hofer ter reconhecido a derrota, Van der Bellen fez questão de lembrar o que esteve em jogo sublinhando que o eleitorado austríaco apoiou a sua mensagem de "liberdade, igualdade e solidariedade". "Desde o início lutei e pugnei por uma Áustria pró-europeia. Considero que seria um enorme erro promover o afastamento face à União Europeia (UE)", declarou Van der Bellen no discurso de vitória citado pelo The Guardian.
A declaração do agora presidente eleito austríaco surge na sequência de uma campanha em que a Europa esteve no centro da agenda. O candidato Norbert Hofer fez uma campanha muito centrada na necessidade de controlar as vagas de imigração para o país – em causa estava também a crise dos refugiados, até porque a Áustria é um dos países da chamada rota dos Balcãs que os requerentes de asilo prosseguem no encalço da Europa Central e do Norte – tendo chegado a falar na possibilidade de também no país ser realizado um referendo sobre a permanência na UE. O Brexit e a eleição de Donald Trump (candidato crítico da imigração) foram o pano de fundo destas eleições.
Também por isso e por se ter mantido fiel às suas prerrogativas europeístas, Van der Bellen fez questão de frisar que a sua vitória é também uma "mensagem para as capitais da UE de que é possível vencer eleições mantendo posições pró-europeias". Ou seja, o futuro presidente da Áustria lembrou que não é preciso resvalar para posições populistas para convencer os eleitores., salientando não se situar nos extremos mas "no meio da sociedade".
Na primeira eleição presidencial austríaca sem a participação de nenhum candidato proveniente dos dois maiores partidos do país (social-democratas e conservadores), Van der Bellen conseguiu uma outra proeza: tornou-se no segundo político ecologista a ser eleito presidente de um país-membro da União Europeia, isto depois de, em 2015, Raimonds Vejonis, militante dos Verdes, ter sido eleito presidente da Letónia.