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António Costa diz que Mário Soares odiava a Europa dos tecnocratas e desistentes

O primeiro-ministro, António Costa, realçou hoje, em Bruxelas, a "militância europeia" de Mário Soares, que "via na Europa unida uma das mais admiráveis construções políticas e morais da história humana" e "odiava" a Europa dos tecnocratas, resignados e desistentes.

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31 de Janeiro de 2018 às 12:20
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Cerca de um ano sobre o falecimento de Mário Soares, o Parlamento Europeu homenageou hoje o antigo chefe de Estado e de Governo português atribuindo o seu nome a uma das salas da assembleia em Bruxelas, numa cerimónia muito concorrida, na qual António Costa iniciou a sua intervenção saudando esta homenagem à "memória de um grande homem, de um grande português, de um grande europeu e de um grande cidadão do mundo".

 

"Soares via na Europa Unida uma das mais admiráveis construções políticas e morais da história humana, de que os cidadãos e os povos europeus tinham o direito, e até o dever, de se orgulhar. Por isso, odiava a Europa dos burocratas e dos tecnocratas, a dos resignados e a dos conformistas, a dos financistas e a dos cínicos, a dos cépticos e a dos desistentes", disse.

 

Lembrando o percurso de Mário Soares e o seu papel de "resistente à ditadura", assim como à "radicalização da Revolução (do 25 de Abril de 1974) e à tentação totalitária que a acompanhava", António Costa apontou que, "no desempenho dos mais altos cargos - secretário-geral do PS, dirigente da Internacional Socialista, primeiro-ministro, Presidente da República - o grande e permanente objectivo de Soares foi instituir, consolidar, aprofundar e enraizar em Portugal, sem ambiguidades, adiamentos ou álibis, uma democracia europeia, civilista, pluralista, pluripartidária e desenvolvida".

 

"Soares conseguiu e isso foi um grande feito. Ganhou ele, ganhou Portugal, ganhou a Europa. Com uma ousada visão estratégica, que não vacilou um instante, foi Soares quem subscreveu, logo em 1977 o pedido de adesão de Portugal à então CEE. Foi ainda ele que, em 1985, logrou concluir as negociações e assinar o Tratado de Adesão", recordou.

 

António Costa sublinhou "se Soares lutou sempre por um Portugal europeu, lutou e militou também sempre por uma Europa moderna que esteja à altura da sua melhor tradição e dos altos desígnios dos seus pais fundadores".

 

"Ao longo dos anos, Mário Soares esteve entre os políticos europeus que mais falaram e escreveram sobre a Europa. Os seus escritos testemunham as suas alegrias e os seus apelos, as suas euforias e as suas preocupações, as suas advertências e as suas decepções, as suas propostas e as suas indignações. Soares foi um militante da Europa", tendo mesmo sido deputado ao Parlamento Europeu (1999-2004), assinalou.

 

Regozijando-se por, com esta homenagem, o nome de Mário Soares se juntar, "merecidamente, no Parlamento Europeu aos nomes de outros europeus ilustres, como Konrad Adenauer, Altiero Spinelli, Willy Brandt e Simone Veil, de alguns dos quais foi amigo", António Costa defendeu que, "num tempo de mudanças, dificuldades e perplexidades (...) os grandes europeus e o seu exemplo edificante são um património" que deve ser valorizado e divulgado.

 

"Agradeço, como português e cidadão europeu, e em nome do Governo português e de Portugal, esta homenagem. Estamos muito reconhecidos aos que dela tiveram a iniciativa e a todos os que a tornaram possível. Portugal tem muito orgulho em Mário Soares, e sabemos que a Europa a que, em grande parte graças a ele, pertencemos e que ele ajudou a construir, partilha connosco este orgulho reconhecido e inspirador", completou.

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