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Abel Mateus faz 6 reflexões rápidas sobre as eleições no Reino Unido

Ex-presidente da Autoridade da Concorrência actualmente administrador do BERD e a viver em Londres, Abel Mateus escreve sobre as eleições no Reino Unido em seis rápidas reflexões. Um dos alertas que deixa é que as relações com do Reino Unido com a UE vão ser mais difíceis.

Bloomberg
Negócios 08 de Maio de 2015 às 20:18
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Ao acompanhar de perto as eleições aqui no Reino Unido retiro seis reflexões dos resultados acabados de sair esta manhã:

1- A subida fulgurante do Partido da escocês, SNP, o que se segue ao referendo pela independência da Escócia que foi rejeitado por uma margem não muito grande, e se deve sobretudo ao carisma da sua líder Nicola Sturgeon, que me pareceu a melhor de todos os candidatos em debate. Muito segura do que dizia, convicta e bastante inteligente. Arrasaram os Trabalhistas na Escócia.

2- O descalabro dos 'Liberal Democrats', que estavam em coligação com os Conservadores, e que por isso mesmo se descaraterizaram e tiverem que ceder tudo aos Tories. Para quê continuar a votar neles? O castigo dos 'júnior partners'.

3-  Mais uma vez o primado da economia. Cameron ganhou porque a economia está em franca recuperação e o que prometeu foram medidas concretas para continuar a reforçar a recuperação, nomeadamente a baixa de impostos.

4- O descalabro dos Trabalhistas que não conseguiram convencer que eram uma alternativa credível, acabando por perder 36 lugares. O líder, Miliband, não tem carisma, tem um problema grave de dicção e o eleitorado não perdoa. Na última entrevista na TV foi cilindrado por uns participantes Conservadores que o interpelaram com questões relacionadas com o forte endividamento público no último período do governo de Gordon Brown, e que se deveu à crise financeira. Mas ele engasgou-se e não conseguiu responder. Só dizia que ia cortar a dívida pública mais do que os Tories.

5- O partido Ukip, nacionalista, contra a imigração e a UE, passou a ser o terceiro em votos, mas apenas terá conseguido 1 deputado. Muita parra e pouca uva.

6- Com o Cameron a formar, sozinho, um novo governo, com maioria absoluta, vamos ter um período mais difícil para a UE. Ele deve avançar com o referendo em 2017. Embora tenha falado muito pouco sobre a 'Brexit' durante as eleições (e note-se que o SNP disse que iria avançar com referendo específico para a Escócia, ou seja, se o RU escolher sair e a Escócia permanecer na UE como se resolve a questão?). O FT tinha apoiado os Tories mas em coligação com os 'Liberal Democrats' que temperariam as sua tendências anti-continentais. Mas agora sozinhos vamos a ver!

Em suma, para se vencer tem que se ter líderes carismáticos e Cameron foi sempre muito assertivo, com mensagens muito concretas e que reforçavam a recuperação económica: os bolsos continuam a falar mais alto.

Outra nota importante: As sondagens dos últimos 3 meses, e inclusivé um estudo de um reputado cientista político americano que veio fazer um documentário na BBC, enganaram-se rotundamente. Davam todos um empate técnico entre Tories e Labor, e afinal os Tories voltam com maioria absoluta!

Espero que se recolham lições para o caso português.

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