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Tecnologia já criou mais emprego do que destruiu

Um estudo da empresa Deloitte revela que nos últimos 140 anos os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho já ajudou a criar mais emprego do que a destruir. Profissões ligadas aos serviços foram as que mais beneficiaram.

Bruno Simão/Negócios
22 de Agosto de 2015 às 09:53
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Homem versus a máquina. O debate não é de agora e muitos são os filmes que encheram o ecrã das salas de cinema a mostrar um mundo futurista a ser dominado e controlado por inteligência artificial. Para muitas pessoas, a tecnologia é vista como uma ameaça que remonta à revolução industrial. No entanto, um estudo agora publicado mostra que nos últimos 140 anos a tecnologia ajudou a criar mais emprego do que a destruir. Pelo menos no Reino Unido.

A conclusão é de um grupo de economistas da Deloitte a respeito dos números de emprego recolhidos no País de Gales e Inglaterra de 1871 até 2011. 

Em vez de destruir postos de trabalho, a tecnologia tem ajudado a criar mais emprego, alega um estudo da Deloitte, citado pelo jornal britânico The Guardian. Houve sim uma transformação do mercado de trabalho com a diminuição do número de profissões mecânicas e mais físicas para dar lugar a profissões ligadas a serviços e profissões liberais. Este não é o primeiro estudo a defender esta posição. Também um estudo da Universidade Uppsala, na Suécia, e da London School of Economics, Inglaterra, que analisa 17 países entre 1993 e 2007, defende que a indústria tecnológica tem tido um papel essencial na produtividade laboral e no crescimento económico.

A explicação reside na complementaridade trazida pela tecnologia a "tarefas cognitivas". Por exemplo, o número de enfermeiros e assistentes médicos aumentou 909% desde 1992 e o número de professores registou um crescimento de 580%.

Mudança no mercado laboral

Em alguns sectores, incluindo medicina, educação e serviços profissionais, a tecnologia aumentou a produtividade e o emprego, garante o relatório. "O acesso facilitado à informação e a aceleração da comunicação revolucionaram grande parte da indústria com base no conhecimento", escrevem os autores do estudo.

Além disso, o progresso tecnológico cortou no preço de bens essenciais, nomeadamente na alimentação e em electrodomésticos, tais como televisão e utensílios de cozinha. O mesmo aconteceu com a indústria automóvel, cujo preço real diminuiu para metade nos últimos 25 anos.

Esta poupança poderá explicar também o aumento do número de empregos ligados ao sector dos serviços e lazer, nomeadamente empregados de bar e cabeleireiros. O relatório afirma que as pessoas têm mais disponibilidade para gastar em serviços pessoais, o que resulta como estímulo económico e gera emprego. Enquanto em 1871 existia um barbeiro para quase 1.800 ingleses, hoje existe um barbeiro (ou cabeleireiro) para cada três centenas de ingleses.

Outro exemplo é o
 número de contabilistas que também aumentou de menos de 10 mil trabalhadores para mais de 215 mil nos últimos 140 anos. Já profissões ligadas ao bem-estar e habitação aumentaram 183%.

Não obstante, o relatório apresenta também uma lista de algumas profissões que não escaparam ao efeito da tecnologia. Entre eles estão a indústria do calçado e das peles, cujo emprego diminuiu cerca de 82%, a indústria metalúrgica (-70%), tipógrafos (-70%), trabalho de secretariado (-52%) e agricultores (-50%). 

A conclusão que os autores do relatório sustentam é que o mercado laboral continuará a encontrar mudanças e verá profissões a serem extintas, mas também novas a serem criadas, tal como tem acontecido nos últimos 140 anos. Sem "arriscar prever o futuro", os investigadores prevêem que as profissões do futuro exijam tarefas com maior interacção social,empatia e criatividade.

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