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E se um robot estiver prestes a roubar o seu trabalho?

“A automação é como o Voldemort: uma força terrível que ninguém está disposto a nomear”. Esta é apenas uma das afirmações de um dos 1900 especialistas que participaram num inquérito da Pew Research sobre uma velha questão que se vai repetindo na história da Humanidade. Será que a próxima onda de inovação tecnológica irá criar ou destruir mais empregos? Optimistas e pessimistas têm a palavra

31 de Outubro de 2014 às 14:07
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Ao longo das últimas décadas, foram muitos os economistas e especialistas de outras áreas de investigação que tentaram quantificar e prever o impacto da tecnologia, não só no ambiente laboral da actualidade, como no do futuro. Esta mesma temática tem vindo a ser explorada pelo Pew Research Center, o famoso think tank norte-americano, que resolveu comemorar os 25 anos da "criação" da World Wide Web por Sir Tim Berners-Lee, devotando vários estudos e inquéritos relacionados com a web no geral, e com as tecnologias emergentes, no particular.A vasta maioria dos 1900 especialistas contactados para fazerem parte deste gigantesco estudo antecipa que a robótica e a inteligência artificial (IA) irão permear amplos segmentos da vida quotidiana em 2025, com significativas implicações num número variado de indústrias, de que são exemplo os cuidados de saúde, os transportes e a logística, o serviço ao cliente, entre outros. Todavia e apesar de as suas previsões convergirem em termos da própria evolução tecnológica, o mesmo não acontece no que respeita aos avanços da robótica e IA, mostrando-se extremamente divididos face ao impacto que estes terão em termos económicos e laborais ao longo da próxima década.

Se uns garantem estar convencidos que a progressão tecnológica só trará bem à humanidade em geral, e à criação de novos empregos, em particular, outros tantos pintam um retrato muito mais negro do futuro próximo, assegurando que a próxima onda de inovação será responsável pela extinção de muitos postos de trabalho, acrescentando ainda que o sistema educativo, bem como as instituições políticas e económicas, não estão preparadas para acompanhar os avanços céleres da tecnologia.


Partindo da premissa geral sobre o impacto económico da robótica e da IA, o qual se traduz já em carros que "guiam" sozinhos, em "agentes digitais inteligentes" que fazem um considerável número de tarefas outrora confinadas apenas aos humanos e com a emergência célere de robots diversificados, a questão colocada aos especialistas foi: será que estas aplicações munidas de inteligência artificial e estes dispositivos robóticos terão eliminado mais postos de trabalho do que aqueles que serão criados em 2025?


Cerca de 48% dos inquiridos vislumbram um futuro no qual os robots e os agentes digitais irão, realmente, "roubar" o trabalho de operários e administrativos (blue e white-collar workers, na terminologia em inglês), ao mesmo tempo que expressam uma enorme preocupação relativamente às consequências que esta usurpação de postos de trabalho poderá despoletar, nomeadamente o aumento, ainda mais pronunciado, das desigualdades de rendimento, o surgimento de multidões de pessoas que ficarão "inúteis no mercado de trabalho" e, consequentemente, as perturbações gravosas em termos de ordem social que decerto ocorrerão.


Por seu turno, a outra metade (52%) que respondeu à mesma questão espera que a tecnologia não seja responsável por destruir mais postos de trabalho do que aqueles que conseguir criar em 2025. Para os respondentes mais optimistas, e apesar de anteciparem que muitos empregos actualmente ocupados pelos humanos passarão, realmente, para "as mãos" dos robots ou agentes digitais, os seres humanos terão – como já aconteceu em outras épocas da História – a capacidade de criar novos postos de trabalho, novas indústrias e novas formas de vida tal como aconteceu, por exemplo, com a Revolução Industrial.


Por outro lado, ambos os grupos partilham também tanto esperanças como preocupações relativamente ao impacto da tecnologia no emprego. Por exemplo, muitos manifestaram preocupações relativamente às actuais estruturas sociais – em especial no que respeita às instituições de ensino -, afirmando que estas não estão a preparar, adequadamente, as pessoas para as competências que serão necessárias no mercado laboral do futuro. De forma inversa, outros inquiridos têm a esperança de que as mudanças vindouras se transformem numa oportunidade para reavaliar a relação da própria sociedade com o emprego – através de um regresso a modos de produção de pequena escala ou artesanais, por exemplo, e conferindo às pessoas mais tempo para despenderem em actividades de lazer, em formas de enriquecimento pessoal ou simplesmente para estarem com aqueles que amam.


Ao longo deste gigantesco inquérito, foram várias as "declinações" temáticas que acabaram por surgir, sendo algumas exclusivas a cada um dos dois grupos e outras comuns a ambos. O VER seleccionou alguns dos argumentos, positivos e negativos, mais vincadamente expostos.

 

 

Os optimistas
Historicamente, a tecnologia criou mais empregos do que aqueles que destruiu
Para o vice-presidente e "Chief Internet Evangelist" da Google, Vinton Cerf, um dos "pais" da Internet, não existem quaisquer razões para acreditar que será agora que a tecnologia irá destruir mais empregos, na medida em que "será sempre preciso alguém para produzir e operar estes dispositivos tecnologicamente avançados". Da mesma opinião é Jonathan Grudin, investigador principal da Microsoft, que afirma que a tecnologia "será sempre disruptiva no que respeita a alguns tipos de trabalho", mas que o mais provável é que "mais empregos venham a surgir. "Quando a população mundial não excedia as centenas de milhar de pessoas, existiam centenas de milhar de postos de trabalho e o mesmo aconteceu quando a mesma chegou aos milhares de milhão. O desemprego sempre existiu, mas nunca existirá uma escassez de ‘coisas para fazer’", assegura.

 

 

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