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Setores que geram mais riqueza têm salários abaixo da média

Onde estão? Quanto ganham? Em que setores mais cresceu o emprego na última década e quais os que pagam mais e menos? Um retrato sobre o emprego no Dia do Trabalhador.

A taxa média efetiva subiu mais nas indústrias extrativas, transformadoras e ainda no setor da construção.
Ricardo Meireles
01 de Maio de 2023 às 00:01
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Os setores de atividade que geram maior riqueza, medida pelo valor acrescentado bruto (VAB), são também os que pagam salários médios abaixo da média nacional. A análise é da Pordata, a propósito do Dia do Trabalhador que se assinala esta segunda-feira.

A instituição da Fundação Francisco Manuel dos Santos dá como exemplo a indústria transformadora, que gerou 13,8% do VAB em 2020, mas cujos salários se afastavam mais da média. A base de dados aponta em concreto "as indústrias alimentar e têxtil, onde os salários médios são 121 euros e 340 euros inferiores à média nacional". Mas também as atividades imobiliárias e o comércio (VAB de 13,4% e 13,1%), com diferenças de 17 euros e 70 euros, respetivamente.

Os setores da administração pública e da saúde (7,4% e 7% do VAB) também têm um valor acrescentado bruto significativo, mas pagam abaixo da média, "salientando-se que, na saúde, a diferença face à média nacional é de -145 euros", refere a base de dados.


Mas se a análise incidir apenas nas diferenças face à média, os maiores desníveis encontram-se no setor do "alojamento e restauração (-380 euros e um VAB de 3,6%), na agricultura (-283 euros e um VAB de 2,5%) e nas atividades administrativas e serviços de apoio (-208 euros, com um VAB de 3,8%).


A Pordata revela, por outro lado, que nos setores económicos mais produtivos – ou seja, riqueza criada na produção por cada trabalhador – "destaca-se a produção e distribuição da eletricidade e gás, (459 mil euros de riqueza gerada por trabalhador, sendo que estes ganhavam 1.672 euros acima da média nacional); o setor imobiliário (453 mil euros, com os trabalhadores a ganharem -17 euros face à média nacional); e as atividades financeiras e de seguros (112 mil euros, ganhando os trabalhadores 1.080 euros acima da média nacional)".


Quem paga mais?


Numa análise às profissões mais e menos bem pagas, há casos em que a diferença face à média nacional (1.294 euros, em 2021) é mais significativa. A Pordata destaca três exemplos: "os representantes do poder legislativo e de órgãos executivos (+1.483 euros); as profissões intelectuais e científicas (+701 euros) e os técnicos de nível intermédio (+314 euros)", sendo que há uma exceção neste último grupo: "os técnicos e profissionais de nível intermédio da saúde auferem menos 108 euros que a média nacional".

De recordar que em 2021 os trabalhadores por conta de outrem ganhavam, em média, 1.294 euros. "Face a 2011, é um aumento de 210 euros que, descontado o efeito da inflação, é apenas de 118", refere a análise.


Já as profissões mais mal pagas eram as de "assistente na preparação de refeições (761 euros), trabalhador de limpeza (791 euros) e trabalhador dos cuidados pessoais (818 euros).


Quem emprega mais?


Tendo em conta os Censos de 2021, a população empregada era de 4,4 milhões de pessoas, o que representa um acréscimo de 1,5% face ao recenseamento de 2011. Por profissões, os vendedores (que inclui comerciantes de loja, operadores de caixa e vendedores ao domicílio) lideravam, com 364.603 pessoas nesta área de atividade. Os empregados de escritório surgiam na segunda posição e a fechar o pódio estavam os trabalhadores qualificados da construção, eletricidade e eletrónica.



Comparando a evolução da década entre os recenseamentos censitários, de entre as profissões que viram o número de efetivos crescer mais destacam-se os trabalhadores não qualificados da indústria e da construção (+51 mil), os empregados de escritório (+23 mil), os profissionais de saúde (+21 mil [excluindo médicos e enfermeiros]), os enfermeiros (+19 mil) e os engenheiros (+19 mil).




Já as maiores diminuições foram registadas nos diretores e gerentes do comércio a retalho e por grosso (-42 mil), os trabalhadores de limpeza (-39 mil), vendedores (-36 mil), os trabalhadores qualificados da construção (-36 mil) e os professores (-29 mil).

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