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INE vai continuar a publicar dados provisórios de desemprego
A possibilidade de deixar de publicar os dados provisórios foi admitida numa conferência de imprensa no início de Agosto, depois da polémica política. Mas a ideia foi abandonada, revela agora o INE.
A questão tinha ficado em aberto depois de, no início de Agosto, a presidente do INE, Alda Carvalho, e a responsável pelas estatísticas do mercado de trabalho do Instituto Nacional de Estatística (INE), Sónia Torres, terem admitido em conferência de imprensa que estava em cima da mesa a possibilidade de deixar de publicar os dados provisórios. Na altura, acrescentaram também que entidades como o Ministério das Finanças ou da Economia prefeririam que assim não fosse.
As estatísticas mensais começaram a ser publicadas no Outono do ano passado e têm por base um trimestre móvel. Esta segunda-feira, 31 de Agosto, o INE publicou pela primeira vez a estimativa para Julho, que no entanto só poderá ser confirmada (ou revista) daqui a um mês. Isto porque estes dados têm por base o trimestre móvel de Junho, Julho e Agosto, mas se em relação aos dois primeiros meses já há informação recolhida, o mesmo não acontece com o terceiro, tendo de ser feita uma projecção para Agosto, o que implica que a informação de Julho tenha mais tarde de ser confirmada (ou revista).
Nos últimos meses, estas revisões da taxa de desemprego, que passaram a ser necessárias desde que o INE começou a fazer projecções mensais, têm gerado alguma polémica política. Em Fevereiro, a presidente do INE, Alda Carvalho, foi chamada ao Parlamento pela maioria, explicou a necessidade das revisões e acrescentou que esse é o "preço a pagar" para ter informação mais actual.
A polémica voltou a ganhar força quando o INE reviu em baixa a taxa de desemprego de Maio de 13,2% para 12,4%, o maior ajustamento de uma estimativa mensal. Essa revisão provocou reacções agressivas, com o Governo PSD/CDS-PP a sentir-se prejudicado, porque o número provisório apontava para um agravamento do desemprego, enquanto o definitivo mostrava a taxa mais baixa desde Julho de 2011. Nesse fim-de-semana, o Expresso publicava na sua primeira página "Governo furioso com o INE por causa do desemprego" e, nesse texto, fontes do Executivo insinuavam "motivações políticas" para a publicação desses dados.
"Os métodos não estão em causa, o que poderá estar em causa é a avaliação da maturidade desta sociedade para ter este tipo de informação provisória", referiu no início de Agosto Sónia Torres.