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“Se tivéssemos de reagir à inflação estávamos constantemente a alterar salários"

António Saraiva, presidente da CIP, apoia o argumento do Governo: aumentos salariais gerariam mais inflação. À entrada para a concertação social sobre o orçamento do Estado, a UGT defendeu o oposto.

Pedro Catarino
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O presidente da CIP coloca-se do lado do Governo e contra a oposição ao defender que o Estado e as empresas não devem responder ao aumento de preços com aumentos salariais, sob pena de gerarem mais inflação.

"Se o Governo ou as empresas tivessem de reagir imediatamente ao valor da inflação estávamos constantemente a alterar salários e a inflação dos salários levaria inevitavelmente a inflação sobre inflação", disse António Saraiva, à entrada de um reunião de concertação social sobre as linhas gerais do orçamento do Estado. "Tem de haver aqui uma moderação, não podemos ser cegos e pensar que o problema da inflação se resolve com aumento de salários", disse.

"O problema da inflação é um todo que tem de ser resolvido articuladamente", insistiu. Questionado sobre se a perda de poder de compra dos trabalhadores não prejudica de alguma forma as empresas, Saraiva respondeu que é "o mesmo problema que as empresas têm no exponencial aumento das matérias-primas, na escassez da mesma, nos elevados custos energéticos".

"Se queremos compensações salariais dos cidadãos – o que é compreensível – temos de ter condições nas empresas para sustentadamente conseguir suportar esses desejáveis mas sustentados aumentos salariais", concluiu.


O presidente da CIP, que responde em nome dos seus associados, coloca-se assim do lado do Governo, que não alterou o que tinha previsto a nível da política de rendimentos, mantendo atualizações salariais na Função Pública de 0,9% num ano em que estima que a inflação chegue a 4%.

O Governo tem defendido que aumentos de salários (ou de pensões) poderiam alimentar uma espiral recessiva, enquanto não do lado dos partidos da oposição (BE, PCP e PSD) que defenderam que os aumentos de salários e pensões deveriam adaptar-se ao novo cenário.

Sobre as medidas detalhadas esta segunda-feira António Saraiva considerou que são "bem-vindas" mas, nalguns casos, "insuficientes".

Já Lucinda Dâmaso, da UGT, defendeu o oposto: "Pensões e salários têm de aumentar", disse, considerando que as medidas já conhecidas são insuficientes.

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