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“Se tivéssemos de reagir à inflação estávamos constantemente a alterar salários"
António Saraiva, presidente da CIP, apoia o argumento do Governo: aumentos salariais gerariam mais inflação. À entrada para a concertação social sobre o orçamento do Estado, a UGT defendeu o oposto.
"Se o Governo ou as empresas tivessem de reagir imediatamente ao valor da inflação estávamos constantemente a alterar salários e a inflação dos salários levaria inevitavelmente a inflação sobre inflação", disse António Saraiva, à entrada de um reunião de concertação social sobre as linhas gerais do orçamento do Estado. "Tem de haver aqui uma moderação, não podemos ser cegos e pensar que o problema da inflação se resolve com aumento de salários", disse.
"Se queremos compensações salariais dos cidadãos – o que é compreensível – temos de ter condições nas empresas para sustentadamente conseguir suportar esses desejáveis mas sustentados aumentos salariais", concluiu.
O presidente da CIP, que responde em nome dos seus associados, coloca-se assim do lado do Governo, que não alterou o que tinha previsto a nível da política de rendimentos, mantendo atualizações salariais na Função Pública de 0,9% num ano em que estima que a inflação chegue a 4%.
O Governo tem defendido que aumentos de salários (ou de pensões) poderiam alimentar uma espiral recessiva, enquanto não do lado dos partidos da oposição (BE, PCP e PSD) que defenderam que os aumentos de salários e pensões deveriam adaptar-se ao novo cenário.
Sobre as medidas detalhadas esta segunda-feira António Saraiva considerou que são "bem-vindas" mas, nalguns casos, "insuficientes".
Já Lucinda Dâmaso, da UGT, defendeu o oposto: "Pensões e salários têm de aumentar", disse, considerando que as medidas já conhecidas são insuficientes.