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Os salários vão subir em 2018?

Aumento do salário mínimo, regresso das progressões na Função Pública e descida do IRS vão ajudar a subir salários líquidos. Estudo da Mercer a 333 empresas, a maioria multinacionais, antecipa aumentos de 2% em 2018.

Bruno Simão/Negócios
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Com o aumento do salário mínimo a chegar a 800 mil trabalhadores, as progressões a abranger mais de  metade dos funcionários públicos, o desemprego a baixar e o IRS a descer é razoável prever que, se não trouxer grandes surpresas, 2018 seja um ano de aumento de salários.
As carreiras do Estado vão voltar a evoluir no próximo ano, depois de sete anos de congelamento. Como as regras dependem de caso para caso, nem todos irão ter uma subida de vencimento. O descongelamento abrange 400 mil funcionários em 2018, segundo o Governo, mais de metade do total. A reposição do valor das horas extraordinárias e das convenções colectivas também liberta rendimentos.

Depois de dois anos consecutivos a subir 5%, o salário mínimo vai aumentar 4,1% em Janeiro, para os 580 euros brutos, o que o Executivo espera que beneficie 800 mil pessoas.

Globalmente, o rendimento líquido dos trabalhadores por conta de outrem deverá melhorar com as novas tabelas de retenção na fonte, que deverão reflectir a descida do IRS em praticamente todos os escalões. A carga fiscal baixa para quem está entre o segundo e parte do sexto escalão e é alargado o universo de trabalhadores isentos. A sobretaxa desaparece, beneficiando rendimentos médios e altos.

Os duodécimos deixam de se aplicar a funcionários e trabalhadores do privado que não tenham acordos individuais ou sectoriais que determinem o contrário, o que pode reduzir rendimento em Janeiro, mas não altera o valor anual.

Difícil é antecipar o grau de contágio de medidas como o aumento do salário mínimo aos restantes salários do privado. Se é certo que a dinâmica da contratação colectiva provoca geralmente um efeito de arrastamento, ainda não é certo que essa dinâmica tenha recuperado o seu comportamento tradicional.

De acordo com um estudo da consultora Mercer, os aumentos salariais rondaram os 2% em 2017, "o valor mais elevado registado nos últimos anos". E a avaliar pelas conclusões de uma análise a 333 empresas com 155 mil trabalhadores no mercado português – a maioria multinacionais – os incrementos salariais projectados para 2018 também rondam os 2%, sendo "ligeiramente mais para funções de topo e menos para as funções de menor responsabilidade". A inflação deverá rondar 1,5%.

"Com a descida acentuada do desemprego, os salários terão uma pressão a subirem" até para reter recursos, explica Tiago Borges, responsável da área de "Rewards" da Mercer. "Essa subida será, ainda assim, limitada para não comprometer a competitividade" e "estará sempre condicionada à manutenção da actual conjuntura económica positiva", acrescenta.
    
O estudo aponta para uma quebra no número de empresas que congelam salários. Mas "apesar dos incrementos salariais, a entrada de novos profissionais no mercado a aceitarem níveis de remuneração inferiores continua a pressionar os salários reais em praticamente todos os níveis de responsabilidade", lê-se nas conclusões.

Como sobem os salários

As decisões do Governo pressionam os salários em alta: aumento do salário mínimo, descongelamento de progressões no Estado e alívio do IRS.

Salário mínimo sobe 4,1%
O salário mínimo vai chegar aos 580 euros brutos em Janeiro, num aumento de 4,1% que se segue a dois aumentos consecutivos de 5%. De acordo com as estimativas apresentadas pelo ministro do Trabalho, Vieira da Silva, na semana passada, a decisão deverá abranger 800 mil trabalhadores.

Funcionários voltam a ter progressões
O Governo não deu aumentos generalizados à Função Pública, mas desbloqueou as progressões. Há quem progrida e quem fique na mesma. De acordo com as estimativas do Governo, são cerca de 400 mil os abrangidos, mais de metade do total. Horas extraordinárias e convenções colectivas também são repostas.

Descida do iRS aumenta salários líquidos
A carga fiscal vai descer para quem está entre o segundo e parte do sexto escalão. As isenções são alargadas e a sobretaxa desaparece de vez para rendimentos altos. Os trabalhadores por conta de outrem deverão sentir parte destes efeitos ao longo de 2018. Os independentes só em 2019.

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