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Dia da Mulher: Paridade profissional? Nem daqui a 10 anos

Em 2025, estima-se que só a América latina aumente a representação da força de trabalho feminina para 49%, alcançado a paridade. EUA, Canadá e Europa não vão passar dos 40%. Portugal e Espanha, alinhados com a Europa, ficam-se nos 45%.

Miguel Baltazar/Negócios
08 de Março de 2016 às 00:01
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A nível global, assumindo que as organizações não mudam os seus padrões de comportamento, a representação feminina na força de trabalho será de 40% em 2025, mostra o relatório da Mercer, denominado "When Women Thrive" (Quando as mulheres prosperam), divulgado esta terça-feira, 8 de Março, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher.

Em causa está a manutenção dos actuais padrões de recrutamento e retenção de talento, ou seja, a forma como o talento feminino é gerido pelas empresas.

O facto é que, segundo as conclusões deste estudo, a representação feminina dentro das organizações diminui à medida que se avança na carreira, com as mulheres a ocupar hoje, globalmente, apenas 33% dos cargos de gestão, 26% das posições de gestor sénior e 20% dos cargos executivos de topo.

Estima-se que a percentagem de mulheres em cargos executivos aumente de 20% para 37% a nível global (33% na Europa) se forem mantidas as mesmas taxas de recrutamento, revela este estudo.

Gráfico 1: A representação das mulheres decresce à medida que o nível profissional aumenta

Representação das mulheres decresce à medida que o nível profissional aumenta - Grafico 1 / Mercer / Estudo denominado When Women Thrive
Representação das mulheres decresce à medida que o nível profissional aumenta - Grafico 1 / Mercer / Estudo denominado When Women Thrive


Na Europa as mulheres representam 21% dos executivos enquanto em Portugal e Espanha as mulheres apenas representam 24% dos executivos de topo, cerca de 4% mais que a média global, informa este relatório.

 

Apesar de as mulheres terem actualmente 1,5 vezes mais possibilidade de serem contratadas para funções executivas do que os homens, estas estão a abandonar as funções de topo a uma velocidade 1,3 vezes superior à dos homens, revela o estudo da Mercer.

Para Nélia Câmara, Directora da Mercer Portugal, "as abordagens tradicionais para apoiar a progressão na carreira das mulheres não estão a alcançar o impacto desejado tendo em conta os resultados actuais". "A sub-representação de mulheres em todo o mundo, não só a nível da força de trabalho como ainda em lugares de topo, é um problema económico e social", sustenta no comunicado enviado às redacções.

A nível global, as mulheres representavam em 2015 cerca de 35% da força de trabalho, um valor que, estima a Mercer, atingirá os 40% em 2025.

Em termos regionais, a evolução é de 25% para 28% na Ásia, 39% para 40% nos EUA e Canadá, e de 35% para 40% na Austrália e Nova Zelândia. De destacar que na Europa não regista qualquer evolução, mantendo-se o valor estável nos 37% até 2025, enquanto na América Latina se estima uma evolução positiva de 36% para 49%, a única região a aproximar-se realmente da paridade.

Segundo as estimativas da Mercer, Portugal e Espanha vão caminhar a par da Europa nesta matéria, prevendo-se um crescimento de 44% em 2015 para 45% em 2025.

No que respeita a equidade salarial, os EUA e o Canadá lideram o ranking, com 40% das organizações a oferecerem processos formais de equidade salarial, comparativamente a uma média global de 34%, de 25% na Ásia e de 28% na Europa. Todavia, ressalva este estudo, não registam melhorias nesta matéria desde 2014.

Gráfico 2: Representação feminina ao nível de carreira profissional e acima caso se mantenha o fluxo de talento: actual e projectada para 2025 

Representação feminina ao nível de carreira profissional e acima caso se mantenha o fluxo de talento: actual e projectada para 2025  / Mercer / Estudo 'When Women Thrive' 2016
Representação feminina ao nível de carreira profissional e acima caso se mantenha o fluxo de talento: actual e projectada para 2025 / Mercer / Estudo "When Women Thrive" 2016


"Nos próximos 10 anos, as organizações ainda não terão atingido a equidade de género na maioria de regiões do mundo prevendo-se a mesma situação para Portugal", sublinha Nélia Câmara, para quem é "urgente implementar algumas medidas diferentes do que se fez no passado", isto se os "CEO querem garantir o crescimento futuro das empresas, nomeadamente através da diversidade".

 

"Este é o momento para agir: todas as empresas/organizações podem escolher entre: a) manter o status quo e esperar que a paridade aconteça naturalmente; b) fazer parte do grupo que está/irá contribuir para que a igualdade de género seja efectivamente uma realidade aproveitando o talento disponível, sejam eles homens ou mulheres", considera Diogo Alarcão, Country Leader da Mercer Portugal.

"Não basta criar um programa de 'pensos rápidos'", diz Nélia Câmara.

Este estudo abrange dados de mais de 600 organizações de todo o mundo, responsáveis por 3,1 milhões de empregos, incluindo 1,3 milhões postos de trabalho ocupados por mulheres.

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