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Professores ganham mais a dar explicações do que a fazer horas extra

Pode ganhar 1.680 euros ilíquidos por mês a dar 10 horas de explicações por semana, em grupo de dois a três alunos, conclui a Fixando, que verificou este ano um aumento de 14% do número de docentes que se registaram na sua plataforma de serviços locais.

Faltas dos professores por razões de saúde prejudicam alunos, diz a AJDF.
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09 de Setembro de 2024 às 15:06
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Com o Governo a tentar colmatar a falta de professores com medidas como a contratação de docentes aposentados e o pagamento de horas extra, muitos docentes consideram estas soluções insuficientes, preferindo dar explicações privadas em vez de fazer horas extra no ensino público devido à falta de compensação adequada e à burocracia envolvida. 

 

"Neste momento, compensa mais dar explicações pela menor burocracia e pelo facto de o valor ser mais vantajoso", admite um dos professores auscultado pela Fixando, plataforma de serviços locais.

 

"Um professor no primeiro escalão pode ganhar cerca de 1.000 euro ilíquidos por mês ao realizar 10 horas extra semanais no ensino público. No entanto, esse valor exige um esforço adicional que inclui não apenas as horas de ensino, mas também a preparação das aulas, correção de trabalhos, entre outras responsabilidades", explica Alice Nunes, diretora de novos negócios da Fixando, em comunicado.

 

"Comparativamente, dar explicações privadas oferece uma relação custo-benefício mais benéfica, com maior flexibilidade e menos carga burocrática", contrapõe a Fixando, que concluiu que "um professor que se dedique a dar explicações 10 horas por semana, em grupos de dois a três alunos, pode ganhar até 1.680 euros ilíquidos por mês, um valor que ultrapassa o rendimento extra oferecido pelo Governo para quem realizar horas extra nas escolas públicas.

 

"Com o início do ano letivo e a contínua falta de professores no ensino público em Portugal, muitos educadores estão a encontrar uma fonte de rendimento mais atrativa ao dar explicações privadas", constatou a Fixando.

 

De acordo com a análise realizada pela plataforma, "o preço médio de uma sessão de explicações em setembro de 2024 é de 14 euros", o que traduz "um aumento em relação aos 13,65 euros do ano anterior".

 

Obviamente, os valores variam significativamente dependendo da disciplina. As explicações de Cálculo atingem os 31 euros por aula, enquanto as de Inglês podem custar até 28 euros, valores que, segundo a Fixando, refletem a elevada procura por aulas particulares.

 

A plataforma revela ainda que, este ano, o número de profissionais que se registaram para oferecer os seus serviços de explicações na Fixando já aumentou 14%, em relação ao ano passado. 

 

Em setembro de 2024, a procura por explicações cresceu 54% face ao mês anterior, revela a Fixando, "embora ainda esteja 25% abaixo do registado no mesmo período de 2023", nota.

 

A necessidade de melhorar as notas escolares (70%), a preparação para testes (13%) e a aprendizagem de novos temas e técnicas (7%) explicam a procura.

 

Ainda segundo o mesmo inquérito da Fixando a professores que dão explicações e aulas particulares, 31% dos inquiridos consideram que o nível de preparação dos alunos para o novo ano letivo é "mau", havendo 51% a apontar a falta de professores como um dos principais problemas, e 57% acredita que a qualidade da aprendizagem é apenas mediana.

 

"Os testemunhos dos professores destacam a desmotivação generalizada entre os profissionais de ensino, que sentem que as condições de trabalho estão longe de ser ideais", sinaliza a Fixando, relatando que vários dos professores que inquiriu manifestaram a sua descrença na eficácia das medidas anunciadas pelo Governo para combater a falta de professores.

 

Um dos testemunhos afirma que "não serão suficientes porque não combatem a real problemática dos docentes – a desvalorização da carreira e uma profissão que obriga a estar-se distante da nossa casa sem qualquer tipo de compensação monetária", justifica.

 

"Há uma crítica recorrente ao desajuste dos programas escolares face aos interesses dos alunos, à falta de rigor e ao desinteresse crescente por parte dos estudantes. Os professores apontam também para a necessidade de uma modernização dos métodos de ensino e da formação contínua, bem como um maior apoio financeiro a esta classe", avisa Alice Nunes.

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