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Ministro da Educação leva 32 páginas de sugestões de alunos
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, revelou esta sexta-feira que leva 32 páginas de sugestões deixadas pelos estudantes, durante a conferência "A voz dos alunos", e que terá em conta algumas quando mudar os currículos.
"Levamos daqui 32 páginas de notas e muito boas ideias", revelou o ministro, depois de ter conversado com vários estudantes do 1.º, 2.º e 3.º ciclos, ensino secundário e superior, e ouvido as suas críticas e sugestões quanto ao modelo de ensino aplicado em Portugal.
Sem querer comprometer-se em garantir mudanças nos currículos, já no próximo ano lectivo, Tiago Brandão Rodrigues admitiu poder integrar algumas das sugestões.
"Quando os alunos falam que experimentação e observação são importantes, que o entendimento da oralidade nas línguas é importante, quando nos dizem que sair dos muros da escola e ter experiências como esta são absolutamente fundamentais para entenderem em sentido lato o que é a experiência e pô-la em prática?", exemplificou.
O ministro salientou ainda a importância que foi dada ao ensino profissional pela voz dos estudantes, que consideraram ser um ensino que mais prepara para o mundo do trabalho, mas também que permite uma carreira universitária ou no ensino politécnico.
Tiago Brandão Rodrigues concordou ainda com os estudantes que apontaram as artes como uma matéria que deve fazer parte do currículo, assim como a cidadania, que "não deve estar potencialmente só numa disciplina mas em todas as disciplinas em sentido alargado"
"Em todas estas questões é importante ter a voz deles, entender porque aprendem melhor numa disciplina e que o professor de referência faz isto diferente e é isso que os cativa. Temos de entender o que precisamos de mudar, mas também, de forma importante, o que temos de manter. De um 'puzzle' de todas estas contribuições queremos poder construir um quadro que seja verdadeiramente um referente do currículo para o século XXI", salientou o ministro.
Durante a manhã de hoje, cerca de 120 alunos de 11 escolas foram divididos em cinco salas da Escola Secundária Rodrigues Lobo, em Leiria, pelos ciclos de ensino a que pertencem.
Os grupos debateram livremente o que é para si a escola, o que gostam e não gostam, o perfil de um bom professor e o que deveria mudar nos currículos. Currículos mais pequenos, turmas reduzidas e poder escolher as disciplinas que têm interesse, no ensino secundário, foram algumas das sugestões apontadas.
Os alunos consideraram ainda que um bom professor deve ser exigente, motivador, criativo, saber comunicar, ser persistente, desafiador e paciente. Os estudantes criticaram ainda para as aulas expositivas, que se resumem a "debitar a matéria".
A avaliação quantitativa foi também motivo de reparo. Os alunos defendem uma avaliação também qualitativa, menos centrada nos testes e exames, que dê também importância aos valores de cidadania.
Tiago Brandão Rodrigues lembrou que esta conferência é mais uma ferramenta para o trabalho que o Ministério da Educação está a fazer, no sentido de apresentar o currículo para o século XXI.
"Todas estas ideias terão de ser estruturadas e depois têm de ter moldura legal. É um trabalho que tem de ter continuidade para que possa acontecer quando todas as condições estiverem reunidas", referiu Brandão Rodrigues, frisando que é importante envolver "todos os atores do sistema educativo" para que "possa ser um processo construído e consensualizado".