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Encerramento de colégio no Porto deixa 90 crianças sem escola

Os pais dos alunos de pré-escolar e ensino básico do Colégio Ramalhete, no Porto, foram na segunda-feira "surpreendidos" com o anúncio de que o estabelecimento não iria reabrir este ano lectivo, deixando cerca de 90 crianças sem escola.

Paulo Duarte
05 de Setembro de 2017 às 07:15
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"Em pânico, sem saber o que fazer", foi como Catarina Pinto de Sousa, porta-voz das duas dezenas de pais que esta noite se reuniram em busca de solução, descreveu o sentimento geral dos encarregados de educação dos alunos do Ramalhete.

A primeira informação surgiu no domingo ao final da tarde, pelas 18:40, num 'email' enviado aos encarregados de educação das crianças do pré-escolar onde se lia que "por motivo de força maior, totalmente imprevisto e inesperado", o Colégio não iria poder "receber os alunos" dos três, quatro e cinco anos na segunda-feira, lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.

"Estamos conscientes do transtorno causado por este impedimento, bem como da forma tardia como estamos a comunicar, devendo-se exclusivamente ao motivo inesperado, e por isso apresentamos as nossas desculpas", adiantava o referido 'email'.

Segunda-feira, ao longo do dia, os pais foram sabendo, por alguns trabalhadores do colégio, que afinal não estavam só em causa as três turmas do pré-escolar, mas também as quatro turmas de ensino básico previstas, num total de 90 crianças que, com o encerramento do estabelecimento, ficam sem colocação, a poucos dias do arranque de um novo ano letivo

"Estamos em choque. O que queremos é uma solução para os nossos filhos", salientou Catarina Pinto de Sousa, mãe de dois alunos cuja inscrição no colégio pagou, tal como muitos outros pais, e ainda sem indicação sobre como reaver os montantes gastos e cifrados em 290 euros para o pré-escolar e 330 euros para o primeiro ciclo.

Pelas 20:24, e depois de um dia de incertezas, a direção fez "finalmente" chegar aos encarregados de educação um 'email', assumindo que "o Colégio tem enfrentado dificuldades financeiras" que têm vindo a ser combatidas "ao longo dos últimos anos" e que "estava prevista a entrada de um investidor que tornaria viável a continuidade do Colégio".

"Por razões inteiramente alheias à nossa vontade não se veio a concretizar esta parceria", informa a direcção, em 'email', a que a Lusa teve acesso, assinalando que os trabalhadores docentes e não-docentes, "face ao atraso do pagamento dos seus salários, recusaram a apresentar-se ao trabalho esta segunda-feira, inviabilizando a abertura do ano lectivo".

O colégio diz ainda estar "inteiramente" disponível "tratar de todos os procedimentos necessários, nomeadamente a transferência dos alunos" para uma nova escola, o que, para os encarregados que ao longo do dia tentaram encontrar alternativas, não se mostra tarefa fácil pela falta de vagas.

À Lusa a directora do colégio, Cristina Sousa, havia dito, momentos antes, que "a explicação aos pais está a ser dada todos os dias", que "não há nada em definitivo".

"Estamos reunidos e a fazer todos os esforços para a continuidade", assinalou à Lusa a responsável ainda antes de o 'email' ser enviado aos pais, admitindo que "o colégio sempre teve algumas dificuldades financeiras ao longo dos anos" que foram sendo contornadas, esperando que "desta vez" tal também acontecesse para que o colégio reabrisse em breve.

A Lusa tentou ouvir novamente a directora sobre o conteúdo do último 'email', rematado com "desejamos o melhor para o futuro para os vossos filhos", mas tal não foi possível.
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