Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Volatilidade nos mercados pode afetar "outlook" para a economia europeia, alerta DBRS

Na perspetiva da agência canadiana de notação financeira, "se a volatilidade dos mercados financeiros for prolongada, tal irá provavelmente pesar nas projeções relativas à economia europeia e colocar alguns desafios políticos" ao BCE, que poderá ter de abrandar ou até mesmo fazer uma pausa no aumento dos juros diretores.

Yves Herman / Reuters
17 de Março de 2023 às 13:00
  • ...

A continuação da volatilidade no mercado financeiro, provocada pelo colapso dos norte-americanos SVB Financial Group e Signature Bank, a par da preocupação em torno da capacidade do Credit Suisse de restaurar a confiança dos investidores, pode colocar em causa as projeções económicas para a evolução da economia europeia este ano, adverte a DBRS, na nota de "research" a que o Negócios teve acesso. 

 

"As preocupações em torno da liquidez e do possível risco de contágio podem manter uma instabilidade elevada durante algum tempo", começam por explicar os analistas Carlo Capuano, Adriana Alvarado e Nichola James.

 

Na perspetiva da agência canadiana de notação financeira, "se a volatilidade dos mercados financeiros for prolongada, tal irá provavelmente pesar nas projeções relativas à economia europeia e colocar alguns desafios políticos".

 

Ainda assim, apesar de este risco ter aumentado os analistas consideram que "o impacto da volatilidade nos mercados na economia da UE deve ser  contida".

Isto porque a DBRS acredita na resposta atempada das autoridades europeias, além de que – e conforme o que já foi sublinhado pelo BCE na quinta-feira – "os bancos estão bem capitalizados" e os "requisitos", como os de capital dos bancos, "são "rigorosos".

 

Porém, a agência de notação deixa claro que se esta resposta não aparecer de forma atempada e se começar a haver saídas massivas dos depósitos dos bancos, tal irá ampliar o receio em trono do risco de contágio e prolongar a volatilidade nos mercados.

 

Neste cenário "vemos o desempenho da economia europeia afetado através de duas vias: uma primeira seria através da vulnerabilidade do consumo e de uma afetação da confiança dos investidores, o que levaria à "diminuição do consumo e do investimento".

 

Por outro lado, o segundo canal de transmissão seria a redução do crédito por parte dos bancos, devido ao aumento dos custos do financiamento, o que acabaria por diminuir o financiamento da economia da região.

 

As últimas projeções da Comissão Europeia apontam para um crescimento de 0,8% da economia do bloco este ano, bem abaixo dos 3,5% o ano passado.

 

Volatilidade pode levar Lagarde a carregar na pausa

"A mais recente instabilidade nos mercados financeiros e a inflação (ainda) elevada podem colocar alguns desafios políticos", considera a DBRS.

Apesar de não antecipar uma mudança "material" na política monetária do BCE, a agência de notação financeira acredita que a autoridade monetária pode ter de abrandar o ritmo de subida das taxas de juro em nome da estabilidade financeira.


"Por conseguinte, a decisão de ontem de aumentar as taxas de juro em 50 pontos base poderia ser sucedida de um abrandamento ou até mesmo de uma pausa na política monetária restritiva" do BCE. Tal poderia "reduzir o risco de mais perdas nas carteiras das obrigações dos bancos", explica a agência de notação financeira.

 

"Ao olhar para o futuro, e tendo em conta a volatilidade nos mercados, o BCE poderia atingir de forma cuidadosa um equilíbrio entre a estabilidade dos preços e os objetivos da estabilidade financeira, de maneira a evitar um impacto negativo na economia europeia", rematam os analistas.

 

Nesta quinta-feira, a presidente do banco central da Zona Euro, Christine Lagarde, rejeitou a ideia de um "trade-off" entre estabilidade de preços e estabilidade dos mercados, não vendo por isso a necessidade de lutar por uma em troca de outra.

Para o BCE estes são dois problemas distintos, com caixas de ferramentas diferentes, tendo ainda ressalvado que "caso seja necessário", a autoridade monetária pode contribuir para liquidez do sistema financeiro da região.

Ver comentários
Saber mais SVB Financial Group e Signature Bank Credit Suisse DBRS BCE Christine Lagarde economia negócios e finanças macroeconomia economia (geral)
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio