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Um olhar clínico sobre o Porto

A Invicta vista através da lente de José Paulo Andrade, um médico apaixonado pela fotografia.

Um olhar clínico sobre o Porto
27 de Junho de 2012 às 09:00
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O desafio foi lançado a José Paulo Andrade, médico e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, sugerir uma estadia barata na cidade do Porto, cidade pela qual tem uma paixão da qual dá conta através da sua actividade de fotógrafo.

Desde adolescente dedicou as manhãs de sábado, bem de madrugada e dependendo da estação do ano, a percorrer as ruas da cidade em busca da luz e da imagem perfeitas. A partir de 2003 transformou esta sua rotina numa actividade sistemática e disciplinada, não fosse ele um cientista.

Conhece ao Porto todos os seus recantos e, ao contrário da ideia instituída de que é uma cidade cinzenta, afirma que apresenta muita cor, um conjunto de nuances diversificadas e, sobretudo, uma frente de rio excelente para realizar fotografias de paisagem. Também a costa marítima e as ruas do centro histórico e da baixa lhe despertam o olhar. Aguarda, sereno, pelo momento certo para captar um pormenor, um momento espontâneo de vida das pessoas que passam.

A José Paulo agrada a vastidão de temas que a cidade oferece a quem queira fotografá-la e segue a cidade em função da sua luz. Por exemplo, fala dos miradouros como quem lhes conhece a alma e sabe aconselhá-los ao visitante fotógrafo com a minúcia das horas em que se apresentam mais belos. A subida à Serra do Pilar, a descida pelo recente teleférico e um passeio ao longo da marginal de Gaia é a continuação do percurso que José Paulo aconselha ao olhar do fotógrafo que quiser a melhor perspectiva do Porto. Como nem todos serão madrugadores como ele, a luz e as cores do final da tarde que os molhes da foz e a zona do Castelo do Queijo apresentam são outra alternativa, e ainda o passeio ao longo da costa marítima descobrindo o percurso geológico que, segundo José Paulo, está muito bem demarcado e apresenta formações rochosas muito curiosas e com tonalidades muito interessantes que permitem belas imagens.

Em tempo de crise, desfrutar da paisagem não custa dinheiro e, assim, munido de uma pequena máquina Lomo ou mesmo de uma descartável, o visitante poderá realizar excelentes fotografias, tal é a qualidade da paisagem e da luz natural à sua disposição. Já será diferente para fotografar o riquíssimo património interior das igrejas, como a de Santa Clara, pérola do barroco, onde João Paulo aconselha material um pouco mais sofisticado. Prosseguindo em busca de imagens da cidade, o médico e fotógrafo leva-nos agora aos claustros da Sé, pouco conhecidos segundo ele, e ao passeio pelas ruelas apertadas da zona, não esquecendo mais um miradouro junto à Igreja dos Grilos e a zona da Vitória.

José Paulo madruga mas conhece também a luz da cidade à noite, preferindo fotografar a Ribeira e as pontes para captar o movimento nocturno da cidade ou o rasto dos barcos que passam. Do ponto de vista arquitectónico, o Porto é riquíssimo e permite escolhas muito diversas que vão desde os edifícios históricos das zonas antigas aos edifícios contemporâneos, dos quais destaca a Casa da Música, o edifício da Vodafone e o Centro Operacional da Refer, este último pouco conhecido segundo João Paulo e que, do ponto de vista fotográfico é muito interessante por ser um edifício azul situado no meio de um campo isolado. Aos mais aventureiros, o fotógrafo aconselha um passeio pela antiga linha da alfândega, percorrendo a ferrovia desactivada ladeada por casas abandonadas grafitadas que permitem excelentes fotografias de cariz urbano.

José Paulo Andrade reconhece que o Porto tem cada vez mais pessoas a percorrerem as suas ruas e transmite-nos a ideia de que é uma cidade que surpreende do ponto de vista fotográfico, uma vez que somos confrontados com paisagens inesperadas, como aquela descrita por um fotógrafo inglês da ravina abrupta onde se suspende uma ponte que liga as duas cidades, o Porto e Gaia.

Para José Paulo Andrade, tudo isto que é tanto pode custar muito pouco. Adivinhando que muitos residentes permanecerão na cidade durante as férias e tendo em conta que a cidade oferece-nos a sua paisagem gratuitamente e os percursos que sugere são realizados a pé, cerca de 20 euros por dia serão suficientes. Contabilizando as entradas nos museus, entre 30 a 40 euros bastarão.

Finalmente, José Paulo Andrade é de opinião que os roteiros turísticos estão muito formatados e que seria interessante existirem guias que apresentassem alternativas de locais a visitar e um roteiro destinado aos fotógrafos, indicando os melhores locais e as características de luz. Quem sabe se não será o próprio a concretizar esta ideia original?



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