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Trichet diz crescimento económico ameaçado por preços do petróleo
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) Jean Claude Trichet afirmou hoje que a valorização dos preços do petróleo aumentou os riscos para o crescimento económico e recuou da estimativa que apontava para uma aceleração da expansão no próximo ano.
O crude atingiu ontem o valor máximo recorde, nos 54,88 dólares por barril, o que perfaz um aumento de mais de dois terços este ano na matéria-prima.
Os preços do petróleo avançaram ontem, depois do Departamento de Energia dos EUA ter anunciado que as reservas dos combustíveis destilados registaram uma quebra de 2,5 milhões na semana passada.
O crude, negociado em Nova Iorque registou um novo máximo de 54,88. As reservas de crude dos EUA cresceram 4,2 milhões de barris na semana terminada a 8 de Outubro. Os «stocks» de combustíveis destilados, por sua vez, recuaram em 2,5 milhões de barris no mesmo período de tempo.
Os números dos inventários de crude superaram as previsões dos analistas contactados pela Bloomberg, que aguardavam um crescimento de 900 mil barris. Apesar do crescimento dos «stocks» de crude, os investidores mantêm-se preocupados devido à queda dos combustíveis destilados – em que se inclui o petróleo para aquecimento – numa altura em que se especula acerca de quebras de fornecimento face à procura intensa durante o Inverno.
Neste contexto, analistas consultados pela agência noticiosa norte-americana consideram que os preços do petróleo poderão avançar pela sexta semana consecutiva, perante preocupações de que a redução de fornecimentos na Noruega, Nigéria ou Iraque possa prejudicar as refinarias de produzirem inventários de combustível para o Inverno.
Dos 46 analistas consultados, 24, ou 52%, prevêem uma subida nos preços do petróleo na próxima semana. Nove esperam que os preços caiam e 13 consideram que vai ficar pouco alterado.
Trichet considera que o actual preço do petróleo «é demasiado elevado» e que «estamos provavelmente a observar uma situação exagerada e espero que todos os responsáveis assumam as suas responsabilidades», para que «possamos assistir, talvez, a uma melhor evolução».
O crescimento na Zona Euro abrandou para um ritmo trimestral de 0,5% nos segundos três meses, contra 0,7%. A expansão também diminuiu nos Estados Unidos da América e no Japão para 0,8% e 0,3%, respectivamente, numa base não anual.
Na semana passada, o BCE manteve a sua taxa de juro de referência inalterada no valor mais baixo de seis anos, nos 2%, o nível tem-se mantido aí desde Junho do ano passado para sustentar a recuperação.
A Reserva Federal dos Estados Unidos da América já aumentou a sua taxa de juro de referência três vezes este ano. O último aumento foi para 1,75% de 1%.
O mesmo responsável afirmou ainda que «nós não consideramos que a nossa política seja acomodatícia dadas as previsões para a inflação». Trichet explicou que «estamos numa situação vigilante mas, ao mesmo tempo, consideramos que o balanço dos riscos permaneceu igual.
Em relação ao desemprego – num contexto de reduções de postos de trabalho com a General Motors a confirmar ontem corte de 12 mil e KarstadtQuelle a anunciar reduaçao de 5,5 mil ostos de trabalho - Trichet revelou que «esperamos uma diminuição do número de desempregos no próximo ano?
No que diz respeito à moeda única europeia, o mesmo responsável explicou que o nível da taxa de câmbio da mesma face ao dólar é «apropriado» depois de uma retracção de 4% após o recorde atingido em Fevereiro.