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Thierry Breton retira-se da corrida a comissário europeu. Aponta o dedo a Von der Leyen
Numa carta que divulgou na rede social X, Breton acusou a presidente da Comissão Europeia de pressionar França a avançar com outro nome.
O candidato francês a comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, abandonou a corrida a uma renovação do mandato, justificando a decisão com pressão por parte de Ursula von der Leyen.
Numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, divulgada na rede social X, Breton escreve: "Há uns dias, na fase final das negociações para a composição do futuro colégio [de comissários], [Von der Leyen] pediu a França que retirasse o meu nome - por motivos pessoais que, em nenhum momento, discutiu comigo - e ofereceu, como contrapartida política, uma pasta alegadamente mais influente para França".
"À luz destes últimos acontecimentos - mais um testemunho de governação questionável - tenho de concluir que já não posso exercer os meus deveres no colégio. Demito-me, por isso, da minha posição como comissário europeu, com efeitos imediatos", escreve Breton.
I would like to express my deepest gratitude to my colleagues in the College, Commission services, MEPs, Member States, and my team.
— Thierry Breton (@ThierryBreton) September 16, 2024
Together, we have worked tirelessly to advance an ambitious EU agenda.
It has been an honour & privilege to serve the common European interest pic.twitter.com/wQ4eeHUnYu
A desistência do francês surge numa altura em que Von der Leyen tem pressionado os Estados-membros a avançarem com candidaturas de mulheres para o novo mandato da Comissão Europeia.
Depois de ter começado, no final de agosto, a entrevistar os nomes propostos pelos Estados-membros da UE para comissários europeus, Ursula von der Leyen tinha previsto apresentar na semana passada a sua proposta de equipa e de atribuição de pastas, mas a divulgação passou a estar prevista para esta terça-feira, na cidade francesa de Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu.
A presidente da Comissão Europeia, que lidera a instituição desde 2019 e vai agora iniciar um segundo mandato até 2029, estipulou como um dos objetivos para o seu colégio de comissários a paridade, mas inicialmente a maioria dos países avançou com nomes masculinos para candidatos, o que, de acordo com fontes europeias, levou a pressões junto de países - como a Eslovénia e a Roménia -, que voltaram atrás nas propostas e avançaram antes com nomes femininos.
Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.
De momento, 11 dos 28 nomes propostos para comissários europeus no próximo ciclo institucional eram mulheres (sendo que a Bulgária apresentou dois nomes, de um homem e de uma mulher, algo que tinha sido pedido por Von der Leyen). Aguarda-se a nova proposta francesa. *com Lusa