Nos primeiros três meses de 2009, 8,9% da população activa estava desempregada, a taxa mais elevada dos últimos 25 anos, sinal de que a recessão económica afectou fortemente o mercado de trabalho em Portugal. É preciso recuar ao último trimestre de 1985 para encontrar níveis de desemprego como este e nem em 2003, quando se viveu a ultima recessão económica, o desemprego ultrapassou os 6,5%.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta manhã, 495,8 mil pessoas declararam-se desempregadas no final do primeiro trimestre, mais 16,1% do que no período homólogo e mais 13,3% face ao trimestre anterior.

O desemprego de curta duração disparou, revelando que mais de metade dos desempregados caíram nesta situação no último ano, quando a crise económica começou a revelar os primeiros sinais. O INE deu conta de 278,5 mil desempregados à procura de trabalho há menos de um ano, o que representa um aumento de 37% em comparação com o início do ano passado.

Nenhuma faixa etária escapou ao aumento do desemprego, mas o fenómeno afectou sobretudo a população entre os 25 e os 34 anos, que registou um aumento de 21%. Olhando para a escolaridade do contingente dos desempregados, o crescimento mais significativo, de 23%, deu-se entre os que tinham concluído o ensino secundário, enquanto que o desemprego caiu 10% entre os indivíduos com curso superior.

Embora uma parte significativa dos desempregados venha do sector dos serviços, foi na indústria e construção que ocorreu o maior aumento. Os desempregados destes sectores aumentaram 30%.

No final do ano passado, a taxa de desemprego (7,6%) tinha ficado abaixo das expectativas dos economistas, mas os dados relativos aos últimos meses de 2008 já davam sinais de que o desemprego se preparava para disparar no início de 2009. As estimativas do Governo apontam para uma taxa de desemprego em 2009 na ordem dos 8,5%, enquanto as da Comissão Europeia perspectivam uma evolução para os 9,1% e as do Fundo Monetário Internacional para os 9,6%.