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Sector dos resíduos tem reduzida sensibilidade e motivação para economia circular

O sector dos resíduos apresenta "reduzida sensibilidade e motivação empresarial" para a economia circular, que aposta na reutilização e reciclagem do lixo, refere um estudo que será apresentado esta terça-feira e que defende a necessidade de concertação entre os seus intervenientes.

Correio da Manhã
21 de Fevereiro de 2017 às 00:14
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"Uma atitude mais proactiva em torno da problemática da circularidade por parte de todos os agentes do sector dos resíduos poderá desempenhar um papel nuclear no processo de transição da economia portuguesa", salienta o economista Augusto Mateus no trabalho.

 

Aquela atitude, acrescenta, induziria resultados "muito mais efectivos do que os que seriam alcançados através de uma actuação meramente reativa e à medida das exigências regulamentares impostas por Bruxelas".

 

"Importa, por isso, reunir o maior número de atores relevantes para dar o impulso necessário às práticas circulares em Portugal, sendo que a existência de concertação entre eles, em torno de uma visão e estratégia de médio e longo prazo, se revela absolutamente indispensável", alerta o especialista, presidente da Mateus & Associados, que elaborou o documento.

 

O "Estudo sobre a Relevância e o Impacto do Sector dos Resíduos em Portugal na Perspectiva de uma Economia Circular" baseia-se em dados do Community Innovation Survey (CIS) para dizer que, entre as empresas portuguesas, "existe alguma sensibilidade para a introdução de inovações com benefícios ambientais, sobretudo em algumas actividades industriais", como as extractivas, a madeira e papel, a metalurgia e produtos metálicos ou as alimentares.

 

No entanto, as motivações "estão muito centradas na redução dos custos da energia, água e materiais, o que indicia uma reduzida sensibilidade e motivação empresarial para o tema da circularidade como um todo", salienta.

 

O sector dos resíduos apresenta também "uma intensidade das despesas em investigação e desenvolvimento reduzida, com 0,7%, menos de metade da média nacional", mas, mesmo assim, Portugal é o sétimo país com maior intensidade das despesas empresariais nesta área.

 

Nos últimos anos, as despesas de investigação e desenvolvimento das empresas do sector dos resíduos variou entre 1,8 e 3,4 milhões de euros, sendo a maior parte (cerca de 43%) realizadas por aquelas sedeadas na região de Lisboa, seguindo-se o centro (21%) e o norte (14,5%).

 

Outra constatação da equipa de Augusto Mateus é que "a insuficiente partilha de infraestruturas entre sistemas de gestão de resíduos urbanos e boas práticas entre os agentes do sector é, também, uma das fraquezas identificadas no PERSU2020" (Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos), que pode ser alargada a todo o sector, no qual "não existe ainda uma dinâmica suficiente de cooperação".

 

Ao mesmo tempo, porém, "existem oportunidades relevantes e que beneficiam de um momento propício ao impulso do modelo circular nas economias avançadas e, em particular, na economia portuguesa", nomeadamente com modelos baseados no prolongamento da vida do produto em que a aposta vai para a manutenção, a reparação ou o aluguer, realça o estudo.

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