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Roubini: Ucrânia pode fazer Europa mergulhar de novo na recessão
O economista Nouriel Roubini considera que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia poderá afectar a retoma europeia. Também diz que o mercado não está preparado para um potencial abrandamento da economia chinesa. E acha que a Reserva Federal norte-americana terá menos características de “pomba” no futuro próximo.
Entre as preocupações do professor de Economia na Stern School of Business, da Universidade de Nova Iorque, as tensões entre a Rússia Ucrânia são neste momento o factor que apresenta riscos mais significativos.
Em entrevista à Bloomberg TV, Roubini diz que existe o risco de este início de uma nova Guerra Fria entre os EUA e a Rússia poder vir a transformar-se numa Guerra Quente se a Rússia invadir províncias mais distantes da Ucrânia e cortar o fornecimento de gás, o que desestabilizaria a recuperação mundial, especialmente na Europa.
“A economia europeia está a recuperar de uma recessão severa. Mas a retoma económica é frágil e anémica e a Zona Euro não pode dar-se ao luxo de passar por um novo choque, desta feita com uma subida dos preços devido a um corte de fornecimento de gás por parte da Rússia”, sublinhou.
O corte das exportações de gás da Rússia, não só para a Ucrânia mas também para o resto da Europa, seria um perigo, advertiu. “A Zona Euro poderia mergulhar numa nova recessão”, acrescentou o economista.
E isso poderia desestabilizar a própria recuperação mundial, uma vez que, do ponto de vista dos mercados financeiros, poderá haver um contágio, frisou Roubini, que é o presidente da empresa de consultoria Roubini Global Economics (RGE).
Mas este não é o único risco que se coloca actualmente. O economista salienta que a potencial desaceleração da China não está descontada pelos mercados, o que também poderá contribuir para novas perturbações.
Por outro lado, Roubini diz que a nova presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, “está a fazer um óptimo trabalho”, mas que os novos membros da Fed não têm tantas características de “pomba” como a “chairman”. Na sua opinião, poderão revelar mais um lado “falcão”, pelo que a subida das taxas de juro nos EUA pode acontecer mais cedo do que se prevê.
Recorde-se que Roubini previu a bolha nos preços das casas nos EUA antes do pico neste mercado em 2006. Mas as suas previsões nem sempre foram certeiras. Quando o índice S&P 500 caiu para um mínimo de 12 anos a 9 de Março de 2009, Roubini disse que provavelmente o índice cairia para 600 pontos ou menos até ao final desse ano. Em vez disso, o Standard & Poor’s 500 ganhou 65% no resto de 2009.