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Ricardo Espírito Santo esteve com Valério em audiência com Dirceu

  Ricardo Espírito Santo, do Banco Espírito Santo (BES), esteve numa audiência, a 11 de Janeiro, no gabinete de José Dirceu, acompanhado de Marcos Valério, publicitário suspeito de fazer os pagamentos das «mesadas» a deputados, disse o executivo português

04 de Agosto de 2005 às 14:18
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Ricardo Espírito Santo, do Banco Espírito Santo (BES), esteve numa audiência, a 11 de Janeiro, no gabinete de José Dirceu, acompanhado de Marcos Valério, publicitário suspeito de fazer os pagamentos das «mesadas» a deputados, disse o executivo português ao jornal «O Globo».

Segundo o jornal brasileiro, Ricardo Espírito Santo, presidente do BESI Brasil, confirmou a audiência e revelou que foi Marcos Valério que se ofereceu para apresentá-lo a José Dirceu.

Na audiência da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, Dirceu omitiu este encontro. Questionado sobre a sua relação com Marcos Valério, Dirceu disse que «eu conheci-o em alguma actividade social. Ele esteve na Casa Civil acompanhando a direcção do Banco Rural, uma ou duas vezes».

Na ocasião, Dirceu negou também qualquer negociação com a Portugal Telecom para um acordo em troca de um financiamento ílicito de partidos políticos da base aliada de Lula.

Quem citou o possível envolvimento da Portugal Telecom e do BES, o maior accionista português da operadora de telecomunicações, no esquema de financiamentos políticos, discussão aberta pelas investigações da corrupção de deputados, foi Roberto Jefferson.

Segundo o deputado, a viagem de Valério, a Portugal (já confirmada) serviria para conseguir um acordo com a empresa PT que pusesse as finanças do seu partido (Partido Trabalhista Brasileiro) e do Partido Trabalhista de Lula, em dia. O BES aparece também como suspeito de ter oferecido uma comissão aos mesmos partidos, caso conseguisse um depósito de 600 milhões de dólares do Instituto de Resseguros do Brasil depositados noutro banco europeu. 

A Portugal Telecom diz que o encontro com Marcos Valério servia para tratar sim da eventual compra da Telemig Celular, operador móvel em Minas Gerais e cliente de Valério.

Fontes do Banco Opportunity, empresa que controla a Telemig Celular, informaram ontem o «O Globo» que Valério não falou em nome do grupo para tentar fechar qualquer tipo de negócios. Segundo essas mesmas fontes, em Janeiro deste ano, Valério e o Opportunity já estariam em rota de colisão.

A agenda de Dirceu não mente e compromete o ex-braço direito de Lula da Silva. O encontro deu-se a 11 de Janeiro às 17 horas e durou meia hora.

Mas o ex-ministro, contactado pelo jornal brasileiro, tem outra versão para o encontro. Diz que «recebi o banqueiro Ricardo Espírito Santo no meu gabinete. Ele estava acompanhado de Marcos Valério. Mas não foi Valério que marcou a audiência. Por que Valério estava com Ricardo Espírito Santo? Quem tem que responder isso é o banco. Ele estava prestando serviços para o Banco Espírito Santo, mas não sei muito bem o que era. Recebo todos os representantes de banco que me procuram».

Segundo Dirceu, o Banco Espírito Santo foi comunicar interesses em novos investimentos no Brasil. Dirceu disse que não teve qualquer tipo de negociação com o banqueiro e que todas as suas audiências eram formais e protocolares.

BES nega

«Nunca fiz qualquer serviço com Marcos Valério. Ele se ofereceu para me apresentar ao ministro Dirceu. Por isso, estava na audiência. No encontro, falamos sobre os projectos do Grupo Espírito Santo no Brasil», referiu ao jornal brasileiro.

Adiantou ainda que «nunca solicitei qualquer tipo de favor ou ajuda do governo. Não trabalhamos com o governo e nem com política. Também não fazemos negócios com o senhor Marcos Valério. Não precisamos de intermediários. O encontro com o ministro Dirceu foi uma reunião de apresentação. De onde conheço Valério? Sei lá como conheci Valério. Foi em contactos sociais», explicou Ricardo Espírito Santo.

*Correspondente em São Paulo

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