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Resolução de eurodeputada Ana Gomes é “totalmente irresponsável”, acusa Pequim
A resolução critica os investimentos chineses no sector energético em países como Angola e Sudão e a venda de armas a países como o Sudão, a Libéria e a República Democrática do Congo.
A China acusou hoje de "irresponsabilidade" a resolução do Parlamento Europeu, proposta pela eurodeputada portuguesa Ana Gomes, que critica o apoio chinês a Estados africanos "opressivos", no dia em que aterra em Pequim o presidente da Comissão Europeia.
"A resolução do Parlamento Europeu (PE) contra a China é totalmente irresponsável, ignora os factos e faz acusações sem qualquer base", considerou Jiang Yu, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa de rotina.
A resolução que Ana Gomes propôs ao plenário do PE e que foi aprovada por 618 contra 16 votos, critica os investimentos no sector energético em países como Angola e Sudão e a venda de armas a países como o Sudão, a Libéria e a República Democrática do Congo.
Jiang Yu, em resposta a uma pergunta da Agência Lusa, pediu "ao PE que acabe com esse tipo de actividades que criam conflitos nas relações entre a China e a UE".
A resolução do PE afirma que "os investimentos sem condições políticas nos países africanos que são dominados por regimes opressivos contribuem para perpetuar as violações aos direitos humanos".
"Se a política chinesa em relação a África é boa ou não, cabe ao povo africano decidir. Acho que o povo africano apoia a cooperação entre a China e África, pois é no interesse das duas partes", disse a porta-voz diplomática chinesa.
Jiang Yu considerou também "sem qualquer fundamento" os comentários do documento do PE sobre a compra de petróleo africano pela China. Angola tornou-se no maior fornecedor mundial de petróleo à China no primeiro trimestre de 2008, quando vendeu para o mercado chinês cerca de 688 mil barris por dia. "Quer em escala, quer em qualidade, a cooperação energética entre a China e África está muito atrás da UE... a UE leva 36% das exportações de petróleo africano, enquanto a China só recebe 8,7%. Se chamamos poder e influência a estes 8,7%, o que é que deveríamos chamar aos 36%?", questionou Jiang.
O PE aprovou a resolução nas vésperas da visita oficial de José Manuel Durão Barrosos à China, que começou hoje e termina sexta-feira, e durante a qual o presidente da Comissão Europeia já afirmou que abordará com o primeiro-ministro chinês a questão dos direitos humanos. Jiang Yu escusou-se no entanto a esclarecer se o governo chinês vai apresentar a Durão Barroso qualquer queixa em relação à resolução do PE.
"Esperamos que a Comissão Europeia possa respeitar os factos e adoptar uma atitude responsável e objectiva que contribua para o desenvolvimento das relações entre a China e a UE", disse a porta-voz.