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Relatório de Draghi é "formidável", "severo mas justo", diz Lagarde

A presidente do BCE considerou que o relatório do seu antecessor expressa "a necessidade urgente de reformas e apresentam propostas concretas para as executar" e que acerta em pontos que mexem com o banco central, como a união do mercado de capitais e a inovação em matéria de financiamento.

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, considerou esta quinta-feira que "o relatório de Mario Draghi sobre o futuro da competitividade europeia e o relatório de Enrico Letta sobre o reforço do mercado único sublinham a necessidade urgente de reformas e apresentam propostas concretas para as executar" e não poupou elogios ao documento tecido pelo seu antecessor.

Esta mensagem foi transmitida pela francesa durante o seu discurso à margem da reunião da autoridade monetária que deliberou um corte de 25 pontos base da taxa de depósitos para 3,5%. A intervenção de Lagarde estava destinada a explicar a decisão tomada pelo banco central assim como as projeções económicas para os próximos tempos, tendo acabado por englobar também este relatório. 

Lagarde começou por introduzir o tema, afirmando que "as políticas orçamentais e estruturais devem ter por objetivo tornar a economia mais produtiva e competitiva, o que ajudaria a aumentar o crescimento potencial e a reduzir as pressões sobre os preços a médio prazo" e salientou que a aplicação integral, transparente e sem demora do quadro de governação económica revisto da UE ajudará os governos a reduzir os défices orçamentais e os rácios da dívida de forma sustentada". 

Agora "os governos devem dar um passo sólido nesta direção, para os seus planos a médio prazo [em termos] orçamentais e estruturais", rematou a líder da autoridade monetária. 

Apesar de Lagarde ter reconhecido que "não teve tempo para dissecar todo o relatório por ser suficientemente substancial e ter material para o qual é preciso mais tempo e uma especial atenção", elogiou o documento, ao dizer que é "formidável", "severo, mas justo".

A presidente do BCE deixou ainda claro que este não é apenas um documento para os decisores de política económica, mas também de política monetária. "O relatório também aponta para reformas estruturais práticas que podem ser úteis, mas também para o banco central alcançar resultados melhores", salientou Lagarde. "Algumas das propostas tocam diretamente nas preocupações [do banco central]", acrescentou. 

A líder da autoridade monetária deu exemplos, como a união do mercado de capitais, sobre o qual "o conselho de governadores tem uma visão forte", assim como "a inovação do financiamento" e o "aumento da produtividade". Por outro lado, Lagarde frisou que "não viu no relatório de Mario Draghi que o mandato do BCE [que consiste em assegurar a estabilidade dos preços] deve ser mudado". 

O relatório do ex-presidente BCE, Mario Draghi, sobre o futuro da competitividade europeia foi apresentado esta egunda-feira. O documento, que era para ter sido divulgado em junho, tem como intenção as bases para a nova Comissão Europeia decidir medidas a adotar num contexto "desafiante" para a indústria na UE, que tem perdido vantagem competitiva face aos "rivais".

No documento são propostas várias medidas concretas, como uma emissão regular de dívida comum na União Europeia (UE), como aconteceu na covid-19, e um investimento maciço em defesa, propondo uma nova estratégia industrial comunitária.

Mario Draghi propõe também que, "para financiar uma série de programas centrados na inovação e no aumento da produtividade, os Estados-membros possam considerar aumentar os recursos disponíveis para a Comissão, adiando o reembolso do Plano de Recuperação da UE", aludindo assim ao pagamento das verbas dos planos nacionais de Recuperação e Resiliência.

Propondo neste relatório uma "nova estratégia industrial para a Europa", o ex-governante elenca ainda o setor da defesa como uma das prioridades comunitárias, assinalando que "a deterioração das relações geopolíticas também cria novas necessidades de despesa com a defesa e a capacidade industrial de defesa".

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