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BCE avança com corte dos juros na Zona Euro. Taxa dos depósitos cai para 3,5%

O BCE decidiu cortar as taxas de juro em 25 pontos base, pela segunda vez, depois de um ciclo de aperto monetário que durava desde o verão de 2022. A deliberação tomada esta quinta-feira pelos governadores já era esperada pelo mercado.

12 de Setembro de 2024 às 13:17
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O Banco Central Europeu (BCE) decidiu cortar as taxas de juro em 25 pontos base, em linha com o que era esperado pelo mercado e pelas casas de investimento. Esta é a segunda redução, depois de em junho a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde ter deliberado um corte da mesma dimensão. A taxa de depósitos recua assim para 3,5%.

"O conselho do BCE decidiu hoje reduzir a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito – a taxa através da qual define a orientação da política monetária – em 25 pontos base. Tendo em conta a avaliação atualizada realizada pelo Conselho do BCE quanto às perspetivas de inflação, à dinâmica da inflação subjacente e à força da transmissão da política monetária, é agora apropriado dar mais um passo no sentido de moderar o grau de restritividade da política monetária", pode ler-se no comunicado publicado na página oficial da autoridade monetária. 

A redução é justificada pelo "outlook" para os preços e acompanhada por novas projeções do "staff" do BCE: a inflação esperada para este ano mantém-se em 2,5%. Em agosto, a inflação na Zona Euro cedeu para 2,2%, o nível mais baixo desde julho de 2021. A energia regressou a valores negativos, enquanto os serviços e bens alimentares voltaram a subir. Contudo, para a economia, os economistas de Frankfurt estão mais pessimistas.

Esta diminuição é a segunda depois de, em junho, ter sido anunciado o primeiro corte de juros na Zona Euro desde setembro de 2019. Desde então, muito mudou. Nos últimos anos, a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde tem combatido o aumento da inflação, tendo desde julho de 2022, subido dez vezes os juros num total de 450 pontos base.

Depois disso, houve uma pausa em julho. E nas atas dessa reunião, os membros do conselho do BCE já tinham deixado claro que o encontro que agora terminou deveria ser "encarado de mente aberta, o que também implica que a dependência de dados económicos não seja equivalente a um foco excessivo em indicadores específicos".

No comunicado publicado esta quinta-feira, o BCE repete esta ideia para o futuro e refere que o conselho "continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na determinação do nível e da duração adequados da restritividade". "Mais especificamente, as suas decisões sobre as taxas de juro basear-se-ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária", concretiza a autoridade monetária.

Assim - e como já tinha feito anteriormente - "o conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica".

Alterações ao quadro operacional ocorrem para a semana

Na nota, o BCE recorda ainda - como já tinha sido indicado em março - que serão realizadas alterações ao quadro operacional para a execução da política monetária. "O diferencial entre a taxa de juro das operações principais de refinanciamento e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito será fixado em 15 pontos base". Já o diferencial "entre a taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez e a taxa das operações principais de refinanciamento permanecerá inalterado em 25 pontos base".

Além da decisão sobre as taxas de juro, a instituição voltou a referir-se aos programas de compras de ativos, mas sem novidade face ao que já foi dito nos últimos encontros dos governadores. O Eurosistema já não reinveste todos os pagamentos de capital de títulos que tinham sido adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica  (PEPP) e que atinjam as maturidades. O BCE está a reduzir a carteira deste programa, "em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês". A instituição tenciona descontinuar os reinvestimentos no contexto do PEPP no final de 2024.

O banco central volta ainda a assegurar que "continuará a aplicar flexibilidade no reinvestimento dos reembolsos previstos no âmbito da carteira do PEPP, a fim de contrariar os riscos para o mecanismo de transmissão da política monetária relacionados com a pandemia". 

O BCE voltou ainda a debruçar-se sobre o tema relativo à operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO). Mais uma vez, a instituição sublinha que, face aos reembolsos que estão a ser realizados pelos bancos junto do BCE, a autoridade monetária "avaliará regularmente a forma como estas operações e a continuação do reembolso das mesmas estão a contribuir para a orientação da política monetária".

"O conselho do BCE está preparado para ajustar todos os instrumentos ao seu dispor, no âmbito do seu mandato, com vista a assegurar que a inflação regressa ao seu objetivo de 2% no médio prazo e a preservar o bom funcionamento da transmissão da política monetária", remata o BCE, que não esquece que ainda tem ao seu dispor o Instrumento de Proteção da Transmissão. Esta ferramenta, criada em junho de 2022, permite comprar dívida soberana, mediante o cumprimento de determinados requesitos, de forma a evitar uma fragmentação nos prémios de riscos e nos juros das obrigações dos Estados. 

(Notícia atualizada às 13:35 horas)

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