Sem surpresa, Silvio Berlusconi voltou hoje a garantir que não se demitirá da chefia do Governo italiano e que está pronto para fazer frente às “forças de esquerda” que diz terem orientado o Tribunal Constitucional, que decidiu ontem anular a lei, aprovada pelo seu Executivo, que concede imunidade aos quatro mais altos dirigentes do Estado.

Em declarações à rádio RAI, Berlusconi assegura que o Governo vai continuar a desempenhar as suas funções “serenamente”. Mas, simultaneamente, promete luta. “Irei defender-me as vezes que forem necessárias nos tribunais e exporei ao ridículo os que me acusam, mostrando aos italianos a fibra de que são feitos”.

Pelo menos dois casos judiciais que envolvem o primeiro-ministro poderão agora ser retomados: um por corrupção de testemunhas (o processo Mills, advogado inglês que terá sido comprado por Berlusconi para prestar falsos testemunhos) e outro relacionado com a compra de direitos de emissão televisiva para o grupo Mediaset, detido pelo chefe do Governo.

A controversa lei de imunidade foi aprovada em Julho de 2008, pouco depois da vitória de Silvio Berlusconi nas legislativas realizadas em Abril desse ano, e congelava os processos judiciais contra os quatro principais titulares de cargos de Estado em Itália (presidente, primeiro-ministro e presidentes do Senado e da Câmara de Deputados) enquanto ocupassem os seus mandatos.