Notícia
"Todos os desequilíbrios que levaram à crise mantêm-se"
William White, ex-economista-chefe do BIS, atreveu-se a desafiar Greenspan e avisou para os riscos que corria. Foi ouvido quando já era tarde demais.
Um sistema financeiro "inerentemente pró-ciclico" que promove bolhas de crédito. Este tipo de desequilíbrios deve ser monitorizado "através da análise dos crescimentos do crédito e dos preços dos activos", sendo recomendável que "as taxas de juro subam quando a expansão de crédito cresce demasiado depressa, e que os bancos sejam forçados a criar almofadas financeiras maiores nos tempos de crescimento".
Face aos riscos que se estão a acumular, "se o pior cenário se materializar, os bancos centrais terão de trazer as taxas de juro para zero e recorrer a medidas menos convencionais, cuja eficácia é menos certa". "Nesse caso, os mercados poderão entrar em stress e a liquidez desaparecer" dos mercados.
Esta não é uma lição sobre a actual crise. São excertos da intervenção de William White e Claudio Borio na importante conferência anual de Jackson Hole nos EUA, em 2003. Tratou-se de uma tentativa derradeira dos dois economistas do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) para convencerem Alan Greenspan dos erros que estava a cometer, e dos riscos em que incorria por manter as taxas de juro demasiado baixas.
"O maestro", que poucos ousavam desafiar, muito menos publicamente e no circuito dos banqueiros centrais, limitou-se a comentar: "nunca houve uma situação, de que eu tenha conhecimento, de que [actuar preventivamente] tenha tido sucesso". White continuou os seus avisos nos anos seguintes, até que, em 2007, tudo rebentou. Na semana passada esteve em Frankfurt, na conferência bianual organizada pelo BCE, para debater política monetária: continua a avisar para o excesso de optimismo dos banqueiros. Na entrevista publicada hoje na edição em papel explica porquê.
Face aos riscos que se estão a acumular, "se o pior cenário se materializar, os bancos centrais terão de trazer as taxas de juro para zero e recorrer a medidas menos convencionais, cuja eficácia é menos certa". "Nesse caso, os mercados poderão entrar em stress e a liquidez desaparecer" dos mercados.
"O maestro", que poucos ousavam desafiar, muito menos publicamente e no circuito dos banqueiros centrais, limitou-se a comentar: "nunca houve uma situação, de que eu tenha conhecimento, de que [actuar preventivamente] tenha tido sucesso". White continuou os seus avisos nos anos seguintes, até que, em 2007, tudo rebentou. Na semana passada esteve em Frankfurt, na conferência bianual organizada pelo BCE, para debater política monetária: continua a avisar para o excesso de optimismo dos banqueiros. Na entrevista publicada hoje na edição em papel explica porquê.