Notícia
"Acho que posso ser preso a qualquer momento"
No Iémen, o clima de tensão intensifica-se. Noutras regiões do mundo árabe, os confrontos também prosseguem.
“Acho que posso ser preso a qualquer momento”, conficenciou hoje ao Negócios o criador da página ‘I Love Yemen’ no Facebook, Momammed Hareth.
Este iemnita de 25 anos crê que as suas opiniões nesta página, bem como os “tweets” que tem publicado, lhe podem valer a cadeia. “Esperemos que não”, dizemos nós. “Veremos. Já tenho planos, para o caso de me prenderem”, respondeu pelas 10h de Lisboa.
No seu país, os ânimos estão muito inflamados. Naquele que é o sexto dia de contestação contra o regime, vários manifestantes ficaram feridos em confrontos entre opositores e partidários do presidente Ali Abdullah Saleh, avançou a agência francesa AFP.
Em inícios deste mês, em plena agitação nas ruas egípcias, Saleh – no poder há 30 anos, tal como esteve Hosni Mubarak no Egipto – disse que não se recandidataria a um novo mandato, mas isso não bastou para quem está contra o regime. As manifestações têm-se sucedido no país.
Este crescer de tensões tem-se estendido a outras regiões do mundo árabe. Depois da revolução do Jasmim, iniciada em Janeiro na Tunísia, que derrubou o presidente Ben-Ali, foi a vez do Egipto. O povo expressou nas ruas o seu descontentamento e ao 17º dia Mubarak cedeu.
Outra região onde se viveu alguma agitação foi a Jordânia. O rei Abdullah acabou por ceder aos protestos do povo e demitiu o primeiro-ministro, Samir Rifai. A subtituí-lo ficou Maarouf Bakhit, que já tinha ocupado este cargo entre 2005 e 2007.
Entretanto, Marrocos anunciou ontem a injecção de mais dinheiro na economia, para travar a subida dos preços dos bens de base e tentar assim evitar que a manifestação marcada para o próximo domingo possa tomar proporções como as que se têm observado noutros países.
No Irão, onde os protestos provocaram a morte de dois jovens manifestantes na segunda-feira, o presidente Mahmoud Ahmadinejad já veio dizer que os seus opositores não conseguirão realizar os seus intentos. Os líderes da oposição, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi, que também foram para as ruas, estão agora em prisão domiciliária e muitos deputados iranianos defendem que sejam julgados e executados.
No Bahrein, o ministro do Interior pediu desculpas pela morte de dois manifestantes – ontem, no funeral de um deles, houve mais confrontos – durante os protestos desta semana contra o governo e anunciou que os responsáveis por estas mortes já foram presos. Mas a violência prossegue e a “BBC News” refere que a internet foi cortada – tal como chegou a acontecer no Egipto.
O adensar de tensões alastrou-se ainda a outros países, como a Argélia e, mais recentemente, o Azerbeijão. A oposição política azeri está a tentar reproduzir os movimentos de contestação observados na Tunísia e no Egipto, na esperança de fazer cair o presidente Ilham Aliyev (no poder desde 2003), sublinha a Bloomberg.
Líbia também vive clima de protestos
A Líbia é igualmente palco de instabilidade. Segundo a Lusa, centenas de manifestantes invadiram hoje as ruas da segunda maior cidade do país, Benghazi, para exigir a demissão do governo. E estão convocadas novas demonstrações de descontentamento para amanhã.
O presidente líbio, Muammar Kadhafi (na foto), que é o dirigente árabe há mais tempo no poder (42 anos), tem conseguido conter – através das suas forças de segurança – estas manifestações, mas o povo não parece querer desistir e continua a marcar protestos, sobretudo através das redes sociais, com especial incidência no Facebook.
Mas muitos manifestantes destes países têm receio de deixar um rasto na Internet. A CNN, numa notícia sobre o Irão, apela a que quem tenha histórias e imagens para partilhar, o faça – mas adverte que devem velar, antes de mais, pela sua segurança. Ontem, um iemnita respondeu ao Negócios, no Facebook, onde estava a decorrer uma das manifestações, mas logo de seguida apagou o comentário.
Com mais ou menos liberdade, com mais ou menos medo, o certo é que o Facebook tem sido visto como uma via fulcral para o passa-palavra e convocação de protestos. A este propósito, corre já uma anedota no Egipto: “Após a sua morte, Hosni Mubarak encontra-se no outro mundo com os seus dois antecessores na presidência do Egipto, Anwar Sadat e Gamal Abdel Nasser. Mubarak pergunta a Nasser como é que acabou ali. “Veneno”, responde Nasser. Depois pergunta o mesmo a Sadat. “Uma bala assassina”, é a resposta. “Então e tu?”, perguntam-lhe os dois. “Facebook”, responde Mubarak”.
Este iemnita de 25 anos crê que as suas opiniões nesta página, bem como os “tweets” que tem publicado, lhe podem valer a cadeia. “Esperemos que não”, dizemos nós. “Veremos. Já tenho planos, para o caso de me prenderem”, respondeu pelas 10h de Lisboa.
Em inícios deste mês, em plena agitação nas ruas egípcias, Saleh – no poder há 30 anos, tal como esteve Hosni Mubarak no Egipto – disse que não se recandidataria a um novo mandato, mas isso não bastou para quem está contra o regime. As manifestações têm-se sucedido no país.
Este crescer de tensões tem-se estendido a outras regiões do mundo árabe. Depois da revolução do Jasmim, iniciada em Janeiro na Tunísia, que derrubou o presidente Ben-Ali, foi a vez do Egipto. O povo expressou nas ruas o seu descontentamento e ao 17º dia Mubarak cedeu.
Outra região onde se viveu alguma agitação foi a Jordânia. O rei Abdullah acabou por ceder aos protestos do povo e demitiu o primeiro-ministro, Samir Rifai. A subtituí-lo ficou Maarouf Bakhit, que já tinha ocupado este cargo entre 2005 e 2007.
Entretanto, Marrocos anunciou ontem a injecção de mais dinheiro na economia, para travar a subida dos preços dos bens de base e tentar assim evitar que a manifestação marcada para o próximo domingo possa tomar proporções como as que se têm observado noutros países.
No Irão, onde os protestos provocaram a morte de dois jovens manifestantes na segunda-feira, o presidente Mahmoud Ahmadinejad já veio dizer que os seus opositores não conseguirão realizar os seus intentos. Os líderes da oposição, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi, que também foram para as ruas, estão agora em prisão domiciliária e muitos deputados iranianos defendem que sejam julgados e executados.
No Bahrein, o ministro do Interior pediu desculpas pela morte de dois manifestantes – ontem, no funeral de um deles, houve mais confrontos – durante os protestos desta semana contra o governo e anunciou que os responsáveis por estas mortes já foram presos. Mas a violência prossegue e a “BBC News” refere que a internet foi cortada – tal como chegou a acontecer no Egipto.
O adensar de tensões alastrou-se ainda a outros países, como a Argélia e, mais recentemente, o Azerbeijão. A oposição política azeri está a tentar reproduzir os movimentos de contestação observados na Tunísia e no Egipto, na esperança de fazer cair o presidente Ilham Aliyev (no poder desde 2003), sublinha a Bloomberg.
Líbia também vive clima de protestos
A Líbia é igualmente palco de instabilidade. Segundo a Lusa, centenas de manifestantes invadiram hoje as ruas da segunda maior cidade do país, Benghazi, para exigir a demissão do governo. E estão convocadas novas demonstrações de descontentamento para amanhã.
O presidente líbio, Muammar Kadhafi (na foto), que é o dirigente árabe há mais tempo no poder (42 anos), tem conseguido conter – através das suas forças de segurança – estas manifestações, mas o povo não parece querer desistir e continua a marcar protestos, sobretudo através das redes sociais, com especial incidência no Facebook.
Mas muitos manifestantes destes países têm receio de deixar um rasto na Internet. A CNN, numa notícia sobre o Irão, apela a que quem tenha histórias e imagens para partilhar, o faça – mas adverte que devem velar, antes de mais, pela sua segurança. Ontem, um iemnita respondeu ao Negócios, no Facebook, onde estava a decorrer uma das manifestações, mas logo de seguida apagou o comentário.
Com mais ou menos liberdade, com mais ou menos medo, o certo é que o Facebook tem sido visto como uma via fulcral para o passa-palavra e convocação de protestos. A este propósito, corre já uma anedota no Egipto: “Após a sua morte, Hosni Mubarak encontra-se no outro mundo com os seus dois antecessores na presidência do Egipto, Anwar Sadat e Gamal Abdel Nasser. Mubarak pergunta a Nasser como é que acabou ali. “Veneno”, responde Nasser. Depois pergunta o mesmo a Sadat. “Uma bala assassina”, é a resposta. “Então e tu?”, perguntam-lhe os dois. “Facebook”, responde Mubarak”.