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Presidente do Cazaquistão vai pagar dívidas dos pobres e acabar com os resgates à banca

O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, prometeu pagar os empréstimos de risco de cerca de um sexto da população do país, e promover uma grande mudança para acabar com os resgates aos bancos privados.

Reuters
28 de Junho de 2019 às 15:30
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O programa de perdão de dívidas é o primeiro grande anúncio de Tokayev desde que foi eleito presidente a 9 de junho, numa coreografada transferência de poder que começou quando o antigo líder Nursultan Nazarbayev deixou o cargo em março. A sua vitória foi recebida com raros e generalizados protestos.

O resgate de bancos também é uma questão delicada no Cazaquistão, que está há uma década mergulhado numa crise que levou o governo a injetar pelo menos 18 mil milhões dólares em instituições financeiras para impedir que o setor desmoronasse sob o peso do malparado. O banco central tem agora em curso uma revisão da qualidade dos ativos, levando à especulação de que poderá estar para breve uma nova onda de resgates.

"A minha postura é que não deveria haver resgates do Estado aos bancos", afirmou Tokayev, de 66 anos, num entrevista realizada na terça-feira na capital Nursultan. "A minha avaliação deste assunto como presidente é que o governo não se deve envolver mais com empréstimos no que diz respeito aos bancos privados".

Embora a iniciativa de perdão de dívidas possa ajudar os credores, o custo total será provavelmente de "pouco menos de mil milhões de dólares", segundo Tokayev, acrescentando que cerca de 3 milhões de pessoas no país, rico em energia e com uma população de 18 milhões de habitantes, vão receber ajuda para as suas dívidas. A ajuda destina-se a "pessoas que se encontram em circunstâncias de vida muito difíceis", concretizou.

Num decreto publicado na quarta-feira, a presidência estimou que cerca de 500 mil pessoas não conseguem fazer face às suas obrigações. Em 86% dos casos, os empréstimos são inferiores a 1 milhão de tenges (cerca de 2.650 dólares), enquanto a média é de cerca de 300 mil tenges.

O programa de perdão de dívidas do novo presidente é semelhante a uma iniciativa anunciada pelo partido no poder na Geórgia, que anunciou um perdão de dívidas para 600 mil pessoas dias antes de uma eleição presidencial disputada pelo seu candidato em novembro. "Não estamos a seguir o exemplo da Geórgia, este é um caso diferente" focado nos cidadãos mais pobres, disse Tokayev.

Em janeiro, Nazarbayev chamou os ministros de "cobardes" por não conseguirem limpar o sistema bancário, pouco antes de demitir o governo e substituir o governador do banco central. No entanto, os maiores resgates de bancos envolveram pessoas próximas do círculo interno do ex-presidente.

Embora Tokayev tenha negado que as ligações políticas tenham tido um papel em resgates anteriores, "aprendemos a lição", disse ele. "Vamos ter lições do passado, do que aconteceu no sistema bancário, e acho que daqui a alguns anos você terá perguntas absolutamente novas".

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