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Prémio Nobel da Economia atribuído a Angus Deaton (act.)

“O Mundo não é um bom lugar; está a melhorar”, afirmou Angus Deaton, o prémio Nobel da Economia de 2015, professor na universidade de Princeton, que foi distinguido pelo estudo do consumo, pobreza e bem-estar no Mundo.

12 de Outubro de 2015 às 12:13
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O Prémio Sveriges Riksbank de Ciências Económicas em memória de Alfred Nobel, o Nobel da Economia, foi atribuído segunda-feira, dia 12 de Outubro, ao professor da Universidade de Princeton Angus Deaton. O economista presidiu à American Economic Association em 2009, e no seu trabalho de investigação destaca-se o estudo da riqueza e pobreza dos países.

No breve comunicado disponibilizado na página do comité Nobel a escolha é justificada pela "sua análise do consumo, pobreza e bem-estar".Com 69 anos, Angus Deaton, nascido na Escócia, e com dupla nacionalidade britânica e norte-americana, baseou muita da sua investigação no estudo empírico da pobreza um pouco por todo o mundo, com destaque para países como os EUA, o Reino Unido, a Índia ou África do Sul.

Hoje, Deaton, descreve como interesses de investigação os "determinantes da riqueza nos países ricos e nos países pobres" assim como a "medição da pobreza na Índia e à volta do mundo". Em 2013 publicou o livro "The Great Escape" em que analisa a evolução da desigualdade no mundo nos últimos 250 anos. 

Na conferência de imprensa telefónica que se seguiu ao anúncio da Academia de Ciências Sueca, o economistas que se confessou "encantado" com a distinção, mostrou um optimismo cauteloso sobre o actual momento da economia mundial: "Antecipo uma redução da pobreza extrema no mundo; experimentámos 20 ou 30 anos notáveis, mas há muito a fazer: para muitas pessoas no mundo a situação permanece muito, muito má", afirmou em resposta telefónica aos jornalistas, reforçando: "O mundo não é bom lugar, está a melhorar".

Perceber o comportamento individual para conhecer o todo

Na nota que acompanha o anúncio do prémio, a Academia de Ciências Sueca defende que "para desenhar política económica que promova o bem-estar e a redução da pobreza, temos em primeiro lugar de perceber as decisões de consumo individuais" e que "mais que qualquer outra pessoa, Angus Deaton melhorou este conhecimento" ao relacionar escolhas individuais com resultados agregados, transformando a microeconomia, a macroeconomia e a economia do desenvolvimento.

Em concreto, o comité para o Prémio de Ciências Económicas em memória de Alfred Nobel destaca três contributos: "o sistema de estimação da procura para vários bens que ele e John Muellbauer desenvolveram por volta de 1980; os estudos da relação entre consumo e rendimento que conduziu por volta de 1990; e o trabalho que desenvolveu em décadas posteriores na medição dos níveis de vida e pobreza em países em desenvolvimento com a ajuda de inquéritos às famílias", lê-se numa nota explicativa.

Crise dos migrantes resulta da desigualdade

Questionado pelos jornalistas sobre como analisa a crise dos migrantes na Europa, Deaton relacionou-a directamente com as desigualdades de rendimento no mundo: "O que estamos a ver é o resultado de centenas de anos de crescimento económico desigual no mundo desenvolvido que deixou parte do mundo para trás" e o que se passa é que "estas pessoas querem uma vida melhor e isso está a colocar muita pressão" sobre a Europa.

"A redução da pobreza nestes países ajudaria a resolver o problema, mas isso levará muito tempo. No curto prazo alguma estabilidade política ajudaria", defende o Nobel da Economia de 2015, uma distinção que traz para a ribalta internacional a desigualde de rendimentos e riqueza no mundo, as suas causas e consequências. 

Nos anos mais recentes, a Academia de Ciências Sueca distinguiu áreas de investigação relacionadas com a crise internacional iniciada em 2007, como as determinantes dos preços de activos, o funcionamento eficiente dos mercados, ou o estudo das causas e consequências em macroeconomia. Em 2014, o vencedor foi Jean Tirole, um economista francês que, entre outras áreas de investigação, se dedicou ao estudo da regulação pública de indústrias como as telecomunicações ou a banca. Anteriores vencedores da distinção incluem nomes como Milton Friedman, Paul Krugman ou Friedrich von Hayek.

Os prémios Nobel anuais – de 860 mil euros – distinguem carreiras e investigação na Física, Química, Medicina, Paz e Literatura e foram instituídos em 1896 por Alfred Nobel, sendo atribuídos pela Academia de Ciências Sueca. O prémio em Economia foi acrescentado pelo banco central da Suécia (Sveridges Riksbank) em 1968 e, tecnicamente, não é um Prémio Nobel.  


(Notícia em actualizada às 13:55)

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