Angus Deaton, que tem a dupla cidadania britânica e dos EUA, afirmou, durante uma conferência do Wall Street Journal na terça-feira, 17 de Novembro, que "alguns dos mais ricos de hoje nos EUA vêm de actividades cujo calor social é duvidoso", declarando-se "preocupado", uma vez que "isso incentiva uma má utilização do talento".

Este economista, de 70 anos, disse que a desigualdade "tem aspectos positivos e negativos", adiantando que, em certos casos, por exemplo, fomenta a inovação e o progresso. "A minha preocupação é que as pessoas que estão na zona superior de rendimentos retirem a escada para a ascensão económica, para evitar que os outros a subam, e se dediquem a viver de rendas", detalhou.

Deaton é professor de Economia e Relações Internacionais da cátedra Dwight D. Eisenhower na Escola Woodrow Wilson de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton.

Os seus estudos têm-se centrado no relacionamento entre as escolhas individuais e os indicadores agregados, pondo em contacto o mundo da microeconómica com o da macroeconomia. 

Na sua intervenção, Deaton apontou que "muitas pessoas em Wall Street ou na indústria farmacêutica estão a ganhar muito dinheiro, mas com trabalhos com efeitos duvidosos sobre o resto da sociedade".

Sustentou também que o actual agravamento das desigualdades tem consequências negativas para a qualidade da democracia. "Não entendo que estejamos numa plutocracia, mas assusta-me que alguns tenham mais influência política, enquanto outros estejam a ser privados de direitos", considerou Deaton, autor do livro "The Great Escape", de 2013, em que analisa os avanços sociais na saúde e na redução da pobreza global.