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Preços dos imóveis na China caem em julho pelo segundo mês consecutivo

A queda nos preços surge numa altura em que o setor enfrenta uma crise de liquidez, com várias construtoras chinesas em risco de entrar em incumprimento.

Stringer/EPA
16 de Agosto de 2023 às 09:02
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Os preços dos imóveis na China caíram, pelo segundo mês consecutivo, em julho, num sinal de agravamento da crise num setor crucial para a segunda maior economia do mundo.

Os preços das casas novas em 70 cidades caíram 0,23%, no mês passado, em relação a junho, quando registaram uma queda de 0,06%, segundo dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatística.

Os preços caíram 0,47% no mercado de casas usadas, segundo os mesmos dados.

A queda nos preços surge numa altura em que o setor enfrenta uma crise de liquidez, com várias construtoras chinesas em risco de entrar em incumprimento.

Na semana passada, a Country Garden, uma das maiores construtoras do país, não conseguiu cumprir com o pagamento do cupão de dois títulos obrigacionistas. O grupo corre assim o risco de entrar oficialmente em incumprimento após um período de carência de 30 dias.

Tal como no caso da Evergrande, outra grande empresa imobiliária da China, cujo passivo supera os 300 mil milhões de euros e que teve que chegar a acordo de reestruturação da dívida com detentores de títulos, o colapso da Country Garden teria repercussões catastróficas no sistema financeiro e na economia chinesa.

Esta semana, a empresa de gestão de fortunas Zhongrong International Trust, que tem grande exposição ao setor imobiliário, deixou também de pagar dividendos em alguns produtos de investimento.

No mês passado, o declínio dos preços das casas novas foi generalizado, com 49 das 70 cidades a registar uma queda face a junho.

No mercado de casas usadas, onde os preços estão menos sujeitos à intervenção do governo, os preços caíram em todas as cidades, excepto sete.

Em Shenzhen, uma das cidades mais ricas do país, os preços caíram 0,9% no mercado secundário, aproximando-se do nível de junho do ano passado.

O valor das vendas de imóveis em todo o país caiu 43%, entre junho e julho, para 654 mil milhões de yuan (82 mil milhões de euros). Segundo cálculos da agência Bloomberg, foi o valor mais baixo em quase seis anos.

A crise de liquidez sem precedentes no imobiliário da China foi suscitada por uma campanha lançada por Pequim para reduzir os níveis de alavancagem no setor, que representa um quarto do PIB (Produto Interno Bruto) chinês.

A reforma habitacional na China, no final da década de 1990, levou a um 'boom' no setor, alimentado pelas normas sociais. A aquisição de casa própria é muitas vezes pré-requisito para casar.

No entanto, em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor.

A falta de liquidez no setor fez com que várias obras em todo o país fossem obrigadas a parar, o que resultou, no verão passado, num "boicote às hipotecas", que se estendeu a mais de uma centena de cidades, com os compradores de apartamentos inacabados a deixarem de pagar a prestação mensal aos bancos.

Nos últimos meses, o Governo mudou de rumo e anunciou várias medidas de apoio, inclusive a abertura de linhas de crédito, cujo objetivo prioritário é finalizar empreendimentos cujas obras ficaram por completar.
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